quinta-feira, abril 23, 2020

Eu Sei, Hoje nem Sequer Devia Falar de Livros...


Há quem pense que se os livros fossem mais baratos, tal como os bilhetes para o teatro ou para o cinema, havia mais leitores e mais gente nas salas de espectáculos. 

Como já deixei de ser ingénuo há algum tempo, nem sequer discuto estas coisas. Mas também não gosto de dizer que as coisas são como são.

Pelo exemplo da cultura em Almada, sei que quanto mais baratas  as coisas são, menos valor as pessoas lhe dão. E se foram gratuitas então, estraga-se tudo...

Posso começar pelos livros. Quando o Município e algumas Juntas de Freguesia editavam livros, gostavam de os oferecer à população (acho que ainda gostam, então se estiverem perto de eleições...). Isso fazia com que, depois, em outros lançamentos locais, as pessoas aparecessem e comentassem se o livro era oferta. Como não era, saiam como tinham entrado, de mãos vazias. 

Estavam de tal forma mal habituadas, que nem sequer tinham a ousadia de pensar que os livros não caiam do céu. Mesmo que os autores não quisessem ganhar dinheiro, tinham de custear a sua impressão...

Pior que tudo isto, só o mesmo facto da maioria dos livros, caminhar directamente da sessão de lançamento para as estantes...

Nos espectáculos de teatro passa-se mais ou menos a mesma coisa. Se as pessoas receberem convites gratuitos, vão. Caso contrário, ninguém as vê nas salas... É por isso que normalmente as salas só se enchem nas estreias...

Sei que hoje é dia de festa dos livros, não devia estar com estas coisas, mas continua a incomodar-me que se passe, sistematicamente, ao lado da realidade, que se aproveitem estes dias para se dizer bem dos livros que os outros lêem, ou que se tente "fechar" o assunto com a compra ou a leitura de um livro, uma vez por ano. 
  
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

8 comentários:

  1. Quando as coisas são baratas até o pobre desconfia, lol

    Cumprimentos

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  2. À borla até injeção leva.

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  3. Atualmente a maioria dos jovens não lê.
    Em qualquer lado só se vêm agarrados aos telemóveis. Dos mais velhos, alguns gostam mas as reformas não lhes chega para os livros. Outros mal aprenderam a ler e a única coisa que lêem são os jornais desportivos. Sobra uma faixa não muito grande, que gosta de ler e pode comprar livros.
    A verdade é que publicar um livro sai bastante caro, para que se possa dizer que deviam baixar-lhes o preço.
    Abraço e saúde

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    Respostas
    1. Sim, cada vez somos menos, os que nos deliciamos com o que nos contam os livros, Elvira...

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  4. Mas falou(escreveu) e muito bem.
    Tudo verdade!
    Por experiência própria.
    Mas ler um bom livro, ainda é das coisas melhores que há.
    Acho eu!
    beijinhos
    :)

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