Embora o carro cá de casa também esteja "confinado", tem circulado, pelo menos uma vez por semana , para o que não nos é possível fazer a pé.
Mais de um mês depois já estava a entrar na reserva e lá fui a uma bomba... que descobri ter ganho um "pedinte oficial". Aproximou-se de mim, mais do que devia, quando estava a preparar-me para abastecer o depósito e disse-lhe para se afastar, para ter juízo e respeitar os outros neste tempo estranho. Afastou-se ligeiramente e pediu-me a moeda que eu não tinha (pois é, há muito tempo que não uso "dinheiro vivo"...) e deve ter ficado a pensar que não lhe dei nada por má vontade, enquanto se afastava.
Quando regressava ao carro fiquei a pensar que deveria ter pago o gasóleo com uma nota, para ficar com uma moeda para dar ao rapaz, quase imundo, que não devia ter mais de trinta anos.
Embora não sirva de desculpa, esta "doença" faz com que sejamos ainda mais rápidos e distantes em quase tudo o que fazemos, roubando-nos o tal bocadinho de "humanidade", que devíamos ter. Embora alguns sonhadores mentirosos finjam acreditar que quando tudo isto acabar, vamos ter "um mundo novo"...
Quando comecei a conduzir lembrei-me dos meus amigos e companheiros dos almoços de segunda-feira, da "tertúlia do bacalhau com grão". Dos seus sorrisos, da partilha de histórias giras e de anedotas, mas também dos quase gritos de indignação - libertados maioritariamente pelo Viriato - contra este capitalismo selvagem (o Carlos é o único que tolera o capitalismo, provavelmente pelo seu passado empresarial...), que vai criando vários "bancos alimentares", aqui e ali, como suporte da desigualdade com que se vai alimentando, dia após dia.
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Eu gostaria que este vírus consciencializasse a humanidade para o facto de que somos todos iguais e como tal devemos ser tratados.
ResponderEliminarMas para ser sincera não acredite que isso venha a acontecer.
Abraço e saúde
Continuamos a pensar primeiro em nós, depois em nós, e finalmente, chegam os outros, Elvira...
EliminarTenho ouvido dizer que depois da pandemia nada ficará como dantes. Eu acredito que venham ai muitos sacrifícios em vez se benefícios. Como sempre foi é, e continuará a ser. Quem paga as crises são aqueles que trabalham para o equilíbrio da economia. Esse não será o mundo novo que ai vem. Também não será nenhuma surpresa, porque já antes assim foi!
ResponderEliminarSim, a economia mundial está a levar uma grande "rombo", Edum.
EliminarE nós temos uma dívida demasiado grande...