Nunca tinha ouvido falar do "síndroma da Marilyn", mas depois de pensar um pouco, fiquei com a sensação de que esta designação até fazia algum sentido, mesmo que seja uma daquelas "doenças", mais metida com as metáforas da vida, que com a linguagem médica...
Quem conheceu a Zé com 20 anos diz que ela era das mulheres mais bonitas de Lisboa. Foi modelo e depois actriz. Gostava do que fazia mas irritava-a que fosse escolhida para papeis, sobretudo pela sua beleza. O talento pura e simplesmente era ignorado. Tinha medo que fosse sempre assim...
Durante uns tempos abandonou a televisão e foi fazer teatro. Adorou fazer um papel, que era quase de gata borralheira moderna, sem sonhar que lhe iria mudar a vida toda. Foi a partir daqui que tomou a decisão de deixar de usar maquilhagem e de fazer passagem de modelos. Pelo caminho deixou-se de dietas e começou a engordar uns quilitos.
Em menos de dois anos tornou-se uma outra pessoa. Curiosamente nunca mais a convidaram para qualquer novela televisiva. Foi crescendo nos palcos, ainda que quase ninguém desse por isso...
Depois foi mãe da Diana, engordou mais um pouco. E as amigas da moda quando a viam, faziam quase uma escandaleira e ofereciam-lhe quase sempre a mesma pergunta: "o que foi que te aconteceu?" Ela sorria-lhes e dizia que tinha decidido ser uma mulher livre, distante do mundo das "bonecas lindas de morrer".
Até os homens estranhavam aquela simplicidade e perguntavam ao Rui o que se passava. Ele dizia que não se passava nada. Alguns mais do "reino das bonecas" iam mais longe e até diziam que ele devia obrigá-la a fazer dieta. Ele sorria-lhe e desarmava-os com uma frase que diz tudo: «Não se preocupem, eu gosto dela de todas as maneiras.»
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
um texto "saboroso"de ler e entender.
ResponderEliminargostei deveras, e essa tua ideia da imagem é muito boa.
porque todas as tuas imagens do ginjal ficam super boas.
beijinhos
:)
(vou rever o resto dos textos e as fotos)
Há quem só compre uma parte do conjunto, Piedade. :)
EliminarO Ginjal continua a ser um encanto. :)
Provavelmente ganhou em felicidade o que perdeu em beleza.
ResponderEliminarAbraço e resto de bom domingo
E nunca deixou de ser bonita, Elvira.
EliminarFugiu foi dos padrões da moda, dos 45 quilos e da cinturinha de vespa. :)
Creio bem que essa frase do Rui encerra todo o mistério do 'tal' amor verdadeiro!
ResponderEliminarQuando se ama alguém verdadeiramente - e esse amor da Zé e do Rui passou por várias fases da 'beleza' exterior dela, creio - ama-se muito para além do «invólucro». :)
Claro, Janita. :)
EliminarQuando só se casa com o "invólucro", não há casamento que resista...
Há dias vi um documentário na RTP2, sobre a Hedy Lamarr, uma mulher linda que acabou vítima disso mesmo. A pressão para se corresponder às expectativas dos outros e próprias, pode ser fatal.
ResponderEliminarO tom optimista do teu texto é um "refresco". ;)
Continuo a não ser um pessimista, Maria. :)
Eliminar