quarta-feira, maio 15, 2019

Chegar (ou não) Tarde aos Sítios...


Há pouco, ao escutar algumas palavras pela rádio, pensei numa outra coisa, com um sentido completamente diferente, muito mais abrangente que um simples dia, ou apenas 24 horas das nossas vidas...

Olhei para trás e senti que por ter chegado mais tarde a alguns lugares, esse "tempo" (perdido ou não...), acabou por condicionar quase tudo.

Foi o que se passou com o jornalismo, onde já cheguei  com 28 anos (embora já escrevesse diariamente, para mim...). 

Por sentir que não estava num "porto seguro", fui fazendo sempre outras coisas. E não estou nada arrependido das minhas decisões, de ter seguido outros caminhos. Posso ter ganho menos dinheiro, mas fui sempre mais livre...

O afastamento de alguns amigos das redacções fez-me perceber que se envelhece cedo demais na profissão. E que a experiência e o saber, em vez de serem utilizados como uma mais valia junto dos mais novos, acabam por ser encarados quase como uma ameaça, para quem chega a chefe de redacção ou a director.

Pior mesmo só este tempo de indecisões e de virtualidades, que se tem arrastado nos últimos anos e vai "matando" lentamente os jornais de papel... Quem esteja atento sabe que hoje as pessoas entram nas tabacarias, sobretudo à procura da sorte. Sorte que tanto se pode esconder dentro das raspadinhas como nas máquinas que registam os jogos. Os jornais e as revistas servem quase só como decoração, quem sai e entra, olha para as capas apenas de relance. Só pára quando é surpreendido (coisa rara nos nossos dias...).

Embora ouça menos rádio do que devia, gostei de sentir que a "telefonia" além de nos fazer sorrir e cantar, também nos faz pensar (e escrever...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

6 comentários:

  1. Sammy, o paquete15/05/19, 12:12

    O tempo, o tempo, o raio do tempo.
    O meu avô dizia-me, se te marcam um encontro para determinada hora, chegas 10 minutos antes.
    O Mário Castrim dizia: «Só quem chegou à estação um segundo atrasado, sabe como compensa chegar à estação demasiado cedo».
    Que terei feito ao tempo?
    Sento-me no silêncio do café bairro e tento olhar o tempo perdido.
    Mas nem a brincar se consegue ser Proust…
    Tenho saudades das púrrias na Quinta do Amaral, tenho saudades daquela malta com quem andei antes de Abril 25 em que se nos meteu na cabeça deitar abaixo uma ditadura. Vimos a cor da liberdade mas alguns já partiram, não voltam mais, outros abandonaram os ideais. Quando encontro algum deles, um grande abraço, mas é sempre de futebol que falamos.
    O tempo, o tempo, o raio do tempo.
    Envelhece-se sempre demais em qualquer profissão, caro Luís.
    O que é mais valioso, dizem, chega do ócio e não do trabalho.
    Há uma velha canção do Dylan em que ele diz que o tempo passa devagar quando se está perdido num sonho, quando se procura o amor porque o tempo passa devagar e desvanece-se.
    Sinto-me perdido no comentário.
    Sempre a velha história: perguntam-me as horas, começo a dizer como se fabricam os relógios na Suiça.

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    1. Ainda bem que me deu umas luzes de como "se fabricam os relógios na Suiça", Sammy. :)

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  2. Andei por aqui pondo a leitura em dia.
    Abraço

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  3. Cá em casa sempre se consumiram quilos de jornais, como eu dizia, confesso que agora me limito a três regionais e ouço/ vejo as notícias na televisão e rádio...no carro!
    Mas também não procuro a sorte a não ser no Euromilhões! :)

    Abraço

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    1. Três regionais não é nada mau, Rosa.

      Agora só o euromilhões, é realmente pouco. :)

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