quarta-feira, agosto 10, 2011

O Que Arde em Londres?


Em Londres, ardem sobretudo os nossos sonhos.


Parece que as ruas, normalmente desertas, assim que cai a noite, se enchem de fantasmas, saídos de quartos irrespiráveis, onde o pequeno almoço, lanche, almoço, jantar, ceia, e as horas mortas, estão sempre acompanhados pelo lado mais esconso do mundo, quase tão virtual como irreal, que imerge no interior dos computadores e da própria televisão. De repente a China, a Rússia ou a América, ficaram logo ali ao virar da esquina.

Percebe-se que é este "novo mundo", que nos dá cartas (mesmo que sejam só duques e ternos) em toda a sua dimensão.

No mundo económico e financeiro as agências mafiosas provocam crises a partir do nada, quase apenas porque sim, numa nova febre do "ouro". No seio dos jovens desempregados, carregados de solidão e cada vez mais desiludidos com o outro mundo, que lhes é apresentado a cinzento, é hora de brincar às guerras, aproveitando a elasticidade das novas tecnologias, fazendo aquilo que é mais fácil a qualquer ser humano, destruir.

Londres promete ser outras cidades, até Lisboa, certamente, porque há demasiada gente, na maior parte dos governos, a esforçar-se para que que fiquemos sem sonhos...

O óleo é de Modesto Trigo.

13 comentários:

  1. Começas bem: "Em Londres, ardem sobretudo os nossos sonhos."
    E todo o texto é magnífico, Luis.
    "As agências mafiosas"- :-)
    Que bom post!
    Beijos.

    ResponderEliminar
  2. Os sonhos da juventude desprotegida e ao abandono não existem. A delinquência instala-se. Difícil será corrigir mas não é impossível. Basta as entidades governamentais darem prioridade à geração mais carente.

    ResponderEliminar
  3. Que lindo texto, Luis! Uma poema sobre um tema tão duro e tão dramático!

    Lindo, lindo! Gostei mesmo! Já para não falar do óleo que é um espanto!

    Que rica e fina imaginação!
    Parabéns (once more!)

    ResponderEliminar
  4. um texto actual e que até doi ler, porque não e ficção, é mesmo real.

    gostei muito de ler e do óleo que acompanha o referido.

    beij

    ResponderEliminar
  5. grato, Filoxera.

    é o que sinto.

    ResponderEliminar
  6. Catarina, já não são só os sonhos da juventude desprotegida, dos delinquentes, querem roubar os sonhos de todos nós.

    ResponderEliminar
  7. poema? não tinha pensado nisso, Carol.

    mas terá alguma poesia, sim. a realidade também pode ser escrita com poesia, porque a poesia além da beleza, também transporta dor, muitas vezes...

    ResponderEliminar
  8. até parece que o mundo não tem solução, Piedade.

    estão quase todos a fazer força para baixo (quem tem poder, claro).

    ResponderEliminar
  9. Forte e intenso. Deixou-me a pensar ainda mais. E com ainda mais vontade de me agarrar aos sonhos.

    ResponderEliminar
  10. Roubaram e continuam roubando nossos sonhos, viramos marionetes nas mãos do mercado econômico. Obama vive uma crise com um partido político e as bolsas despencam pelo mundo afora. Vivemos momentos terríveis na mão dessa máfia vampiresca.

    Estes acontecimentos em Londres são dramáticos porque exemplificam o momento triste em que vivemos. É a falta de esperança...

    Beijos, Luis

    ResponderEliminar
  11. Ah, e preciso elogiar o óleo, é lindo...

    ResponderEliminar
  12. sim, Laura.

    não são todos estes fulanos que criam "um rei na barriga", que fingem estar sempre certos (que já nem devem ter pés, de tantos tiros), que desgovernam em vez de governar, que nos roubam os sonhos.

    ResponderEliminar
  13. falta de esperança, falta de dignidade, falta de justiça, falta de amor, e sobretudo falta de verdade, Cris.

    estas gentes enganam-se a eles próprios e enganam-nos a todos nós, que ainda sonhamos e acreditamos na humanidade.-

    ResponderEliminar