Pensava que os polícias já não andavam atrás das ciganas que vendiam roupa na rua, nem de outros vendedores ambulantes. Pensava... mas estava enganado.
A mulher de saia comprida lá foi obrigada a arrumar a trouxa mas o polícia não parava de a chatear, até que ela o enfrentou, em voz alta, para que todos ouvíssemos: «largue-me da mão, além de ser casada, você não tem boca para me comer nem cu para me cagar.» O agente da autoridade, surpreso, olhou para todos os lados, sem saber o que fazer.
Ela continuou, aconselhando-o: «vá mais é à sua vida e deixe-me com a minha, que de certeza que é muito pior que a sua.» O polícia desta vez não olhou para ninguém, limitou-se a acelerar o passo e a desaparecer da praça, enquanto o diabo devia exclamar, tal como todos nós, surpreendido com ambas as reacções.
Mesmo sem ter uma admiração muito grande por ciganos, simpatizei com a dureza e coragem da mulher, que deu a entender ser capaz de sobreviver a todas as hostilidades do tempo e dos homens.
O óleo é de Arquer Buigas.
Não teria ela utilizada uma certa forma de psicologia inversa? : )
ResponderEliminarEu tenho uma grande admiração pelos ciganos porque, pelos contactos que a minha vida profissional me obrigou a manter com esta comunidade, nunca fui insultada e nem sequer por uma vez me levantaram a voz. Sempre acataram aquilo que lhes pedia, a responsabilidade que lhes exigia e compareciam sempre que para tal eram solicitados.Refiro-me aos adultos, já pais e encarregados de educação.Saliento ainda o respeito que têm pelos seus mais velhos e o sentido de forte união que os liga. Quanto aos jovens,mais rebeldes, tive de os chamar à razão, particularmente e em público, por várias vezes, mas nunca me deram problemas de maior.
ResponderEliminarTudo isto se passou na grande cidade. Agora, já no meio rural, encontrei uma cigana a trabalhar numa loja. Educada, honesta, simpática, foi a confirmação do que pensava deles.Aqui há uma comunidade grande, razoavelmente integrada.Algumas vezes, a resistência parte dos não ciganos. Mas há de tudo como entre os não ciganos.
Espero e desejo que aqueles que trabalham não sejam perturbados por quem quer que seja. É-lhes apenas exigida, creio eu, uma licença de vendedor ambulante, neste caso, e se querem ter direitos há que cumprir com os deveres. Esta tinha a resposta na ponta da língua.Dar de comer aos filhos era-lhe prioritário. E bem!
Bem-hajas, Luís!
Beijinhos
provavelmente, Catarina.
ResponderEliminare produziu efeito. :)
eu não tenho assim tanta admiração, Isamar.
ResponderEliminaracho que eles também são culpados da forma como são olhados pela sociedade. alimentam o orgulho na sua marginalidade.
E não só Luis...
ResponderEliminartambém passam à frente nas urgências hospitalares, auferem de subsídios sociais, dão-lhes casa,em contrapartida, eles traficam droga, conduzem sem carta e sem seguro e esse forte sentido gregário que possuem e funciona melhor de dentro para fora, leva a que, em seu interesse, a sociedade os considere excluídos.
Excepto alguns, como o exemplo da menina que a Isamar conhece.
é, Bartolomeu.
ResponderEliminarparece que o romantismo que existia do nomadismo cigano, desapareceu.
aprenderam a viver á custa do orçamento e acham-se uns espertalhaços, nem se importam de voltar à escola, onde nunca andaram, se isso valer uns cobres.
e não honram em nada os antepassados, ao venderem-se por um prato de lentilhas.