A última vez que nos encontrámos, ficaste de me escrever, de me enviar os poemas que pensavas publicar, um dia qualquer.
A carta não chegou. Não fiquei muito preocupado. Os relógios rodavam mais devagar e nós sabíamos esperar. Ainda não existiam telemóveis, ficarmos momentaneamente incontactáveis não era nenhum drama, até por vivermos em cidades diferentes.
Só no Verão seguinte soube o que realmente aconteceu. A Mariana contou-me tudo, foste quase forçada a partir para a América de um dia para o outro, não atrás de qualquer sonho, mas a fugir do "céu" que ameaçava cair em cima da tua cabeça. Nem das tuas amigas te despediste.
O teu pai deixou-se enrolar de tal forma nos negócios que só encontrou uma solução para escapar à prisão, deixar o país. Não quiseste abandonar a tua mãe e a tua mana e deixaste tudo para trás.
Assim que olhei este quadro de Javad Azarmehr, lembrei-me de ti. Eras esguia e coleccionavas boinas de várias cores. E claro, ficaste de me escrever, a tal carta que não veio...
Espero que não tenhas desistido da poesia.
Tenho a estranha sensação de já ter lido este texto... que esquisito...
ResponderEliminarBeijinho, Luís.
que bonito...y que tierno.
ResponderEliminarseguro que seguirá escribiendo poesia y seguro que se lembrara de ti.
beijokas Luis
Às vezes a vida troca-nos as voltas, mas estou certa que se ela gostava de escrever, concerteza continua a faze-lo,
ResponderEliminara carta pode ter sido escrita e nunca ter chegado, luís. há cartas assim... beijinhos.
ResponderEliminartexto que me deixou a sorrir...
ResponderEliminareu tenho (e uso) boinas de todas as cores, sou esguia, e escrevo poesia...
mas nunca fui à América....
beij
desencontros
ResponderEliminardesalinhos na poesia que tornam outras viagens impossíveis.
eu sei das cartas que não seguem. outras perdem-se em destinos improváveis.
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beijos
esquisito? talvez, Maria.
ResponderEliminarembora muita boa gente diga que escrevemos sempre o mesmo livro...
claro que sim, Momo.
ResponderEliminarcomo eu me lembro dela...
não sei, Anita.
ResponderEliminara poesia é uma coisa especial, por vezes depende do rumo que damos à vida...
pois há, Alice.
ResponderEliminartodos escrevemos dessas cartas...
coincidências, Piedade.
ResponderEliminare também nunca fui à América.
tenho ficado pela Europa e pelas ilhas atlânticas...
desencontros e desalinhos, coisas que não dominamos nem compreendemos, Maré...
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