segunda-feira, janeiro 03, 2011

A Carta que Não Veio

A última vez que nos encontrámos, ficaste de me escrever, de me enviar os poemas que pensavas publicar, um dia qualquer.

A carta não chegou. Não fiquei muito preocupado. Os relógios rodavam mais devagar e nós sabíamos esperar. Ainda não existiam telemóveis, ficarmos momentaneamente incontactáveis não era nenhum drama, até por vivermos em cidades diferentes.

Só no Verão seguinte soube o que realmente aconteceu. A Mariana contou-me tudo, foste quase forçada a partir para a América de um dia para o outro, não atrás de qualquer sonho, mas a fugir do "céu" que ameaçava cair em cima da tua cabeça. Nem das tuas amigas te despediste.
O teu pai deixou-se enrolar de tal forma nos negócios que só encontrou uma solução para escapar à prisão, deixar o país. Não quiseste abandonar a tua mãe e a tua mana e deixaste tudo para trás.
Assim que olhei este quadro de Javad Azarmehr, lembrei-me de ti. Eras esguia e coleccionavas boinas de várias cores. E claro, ficaste de me escrever, a tal carta que não veio...

Espero que não tenhas desistido da poesia.

12 comentários:

  1. Tenho a estranha sensação de já ter lido este texto... que esquisito...

    Beijinho, Luís.

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  2. que bonito...y que tierno.
    seguro que seguirá escribiendo poesia y seguro que se lembrara de ti.
    beijokas Luis

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  3. Às vezes a vida troca-nos as voltas, mas estou certa que se ela gostava de escrever, concerteza continua a faze-lo,

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  4. a carta pode ter sido escrita e nunca ter chegado, luís. há cartas assim... beijinhos.

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  5. texto que me deixou a sorrir...
    eu tenho (e uso) boinas de todas as cores, sou esguia, e escrevo poesia...

    mas nunca fui à América....

    beij

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  6. desencontros
    desalinhos na poesia que tornam outras viagens impossíveis.

    eu sei das cartas que não seguem. outras perdem-se em destinos improváveis.


    __
    beijos

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  7. esquisito? talvez, Maria.

    embora muita boa gente diga que escrevemos sempre o mesmo livro...

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  8. claro que sim, Momo.

    como eu me lembro dela...

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  9. não sei, Anita.

    a poesia é uma coisa especial, por vezes depende do rumo que damos à vida...

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  10. pois há, Alice.

    todos escrevemos dessas cartas...

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  11. coincidências, Piedade.

    e também nunca fui à América.

    tenho ficado pela Europa e pelas ilhas atlânticas...

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  12. desencontros e desalinhos, coisas que não dominamos nem compreendemos, Maré...

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