terça-feira, janeiro 04, 2011

Feio & Bonito

Achei curiosa a característica que a minha filha, escolheu para definir o novo professor de ginástica: «é feio». Com seis anos já tem critérios de beleza definidos, sem se preocupar com a "poesia" dos alguns adultos, que encontram beleza em toda a parte...

Fiquei a sorrir porque tinha escrito pouco tempo antes um diálogo entre dois velhos, presos a um banco especial, onde era possível ver o mundo, de trás para a frente e da frente para trás, com pessoas.

O motivo de uma das conversas no banco foi uma mulher que passou e cumprimentou um dos amigos, recebendo logo um comentário do companheiro: «que gaja tão feia!» (é, alguns velhos também dizem a palavra "gaja", ninguém é perfeito...).

Recebeu como resposta: «uma das coisas que aprendi desde muito novo, é que não se chama feia a nenhuma mulher. Nem mesmo às muito feias.»

Fora do diálogo, lembrei-me agora que também tive um professor de português "esteta" que dizia que não existiam mulheres feias. Além de péssimo professor, era mentiroso...

Claro que a definição do bonito e do feio é muito pessoal, mas não vale a pena tapar o "sol com a peneira", pois somos "desenhados" e "esculpidos" de formas muito diferentes, exteriormente e interiormente, nem sempre favorecidos pela tal beleza, que continua a ser "fundamental", especialmente para as mulheres.

Sem chegar ao exagero de dizer que os homens querem-se feios, porcos e maus, aparentemente há menos exigências do olhar feminino, até por continuar a não ser tão franco e aberto como o masculino...
O óleo é de Zeinab El-Seginy, que "dança" entre o feio e o bonito...

18 comentários:

  1. Não será por ser mais tolerante, por estar mais interessada no essencial e não nas aparências?....

    ResponderEliminar
  2. Uma vez li um artigo nas Selecções do Reader'Digest sobre o Sean Connery no qual se referia que encontrava sempre algo para elogiar em qualquer mulher e fiquei logo a simpatizar mais com ele :)
    Gostei do comentário da Rosa dos Ventos em cima :)

    ResponderEliminar
  3. As crianças são muito engraçadas, pois normalmente são sinceras e verdadeiras, já os adultos muitas vezes são "politicamente correctos", e nem sempre dizem o que pensam, o que às vezes é o melhor a fazer.
    De certa forma concordo com a frase de que não há mulheres feias, pois hoje em dia, só se a mulher for mesmo muito feia, caso contrario há ajudas que resultam muito bem, já nos homens isso não é tão importante.
    Curiosamente há pessoas feias que têm muito encanto e chegam a parecer bonitas, penso que tem a ver com a luz interior e o encanto pessoal.

    ResponderEliminar
  4. Olá, boa noite!

    Para os jovens também há subjectividade!

    * É com muito gosto que venho desejar-lhe

    BOM ANO de 2011!

    Saudações poéticas

    Um abraço

    ResponderEliminar
  5. Sempre achei interessante a sinceridade (por vezes confrangedora para os pais) das crianças. Nessa idade nada lhes passa despercebido sobre o visual da professora ou do professor, neste caso. Um novo corte de cabelo ou uma nova cor, um casaco mais colorido, um cachecol, uma pulseira... Sem querer alongar o comentário... mas alongando, vou contar. Quando o meu filho tinha uns 4 ou 5 anos viu, um dia , a minha cunhada muito bronzeada (tinha acabado de chegar de férias) e questionou a cor da pele da tia. Expliquei. Passsados poucos dias levei-o ao pediatra em cujo consultório se encontravam algumas senhoras indianas com os seus respectivos filhos. O meu filho pergunta, alto e bom som: Estas pessoas também estão bronzeadas?

    ResponderEliminar
  6. a eterna subjectividade da beleza... um beijo, luís*

    ResponderEliminar
  7. as crianças por vezes sao crueis...

    mas todos temos a nossa beleza, que pode nao ser fisica, claro...

    um texto bem conseguido...

    beij

    ResponderEliminar
  8. Não te zangas comigo se eu discordar daquela parte em que dizes que o nosso olhar não é tão franco, pois não? :-)))
    Acho que somos igualmente sensíveis à beleza. Não é, talvez, tão determinante na "avaliação" que fazemos dos homens.

    Quanto às crianças, é pena, mas ainda se divulgam as histórias e os filmes que dão os feios como maus. Ou os maus como feios...

    Beijos.

    ResponderEliminar
  9. eu gosto dessa verdade nas crianças. é claro que os padrões diferem com a maturidade dos "avaliadores" mas o que é facto incontestado, é que os conceitos mudaram muito nos últimos anos.
    na 1º noite do ano, assisti a uma conversa entre sobrinhas adolescentes e algumas amigas que discorriam, depreciativamente, sobre a mensagem recebida, por uma delas, de um admirador... um poema curto e admiravelmente sensível. " além disto é feio" dizia uma delas. e eu que conheço o rapaz, um tanto mais velho e consideravelmente bonito, fiquei estarrecida com o exemplo padronizado e bastante tosco que me foi apresentado para comparações.
    sinal dos tempos?

    ___

    um grande beijo Luís.

    ResponderEliminar
  10. em parte é, Rosa.

    mas eu referia-me à forma de olhar.

    as mulheres fogem quase sempre do nosso olhar, nas ruas...

    ResponderEliminar
  11. tens razão, Gábi, mas às vezes é preciso muita imaginação...

    ResponderEliminar
  12. a beleza não tem apenas um padrão, há pessoas que para os outros são feias e a quem descobrimos beleza, num só gesto ou num sorriso, Anita.

    ResponderEliminar
  13. sem dúvida, Vieira Calado.

    bate-nos à porta, ainda no gatinhar...

    ResponderEliminar
  14. e por vezes são "perigosos", dizem o que não se deve dizer, Catarina.

    são novos e não pensam...

    ResponderEliminar
  15. eterna mesmo, Alice.


    já Camões o dizia nos seus sonetos...

    ResponderEliminar
  16. pois são, Piedade.

    a beleza é uma coisa cada vez mais vasta, á medida que o tempo passa por nós...

    ResponderEliminar
  17. claro que não, Filoxera.

    mas disse-o pela forma como vocês nos olham, quase sem olhar...

    em relação às crianças já se mudou bastante, as coisas hoje estão muito diferentes e ainda bem.

    agora até há monstros simpáticos, algo impensável no nosso tempo.

    ResponderEliminar
  18. tens razão, Maré, a maturidade faz toda a diferença na avaliação.

    ResponderEliminar