quinta-feira, novembro 10, 2022

A Marca (invisível) que Fica, do contacto com a Beleza e a Liberdade dos Campos...


No fim de semana passado, num almoço em família, senti o quanto fui influenciado pelas férias grandes passadas na casa dos avós maternos.

Embora "detestasse" o trabalho duro dos campos e não quisesse  nada daquilo para a minha vida (e isso fazia com que fizesse "ouvidos de mercador" a muitos dos ensinamentos do avô...), ficou muito mais do que eu pensava, daquele tempo, dentro de mim.

Eu e o meu cunhado falámos do pequeno terreno dos nossos sogros, com pontos de vista, completamente divergentes. Ele é completamente citadino, não teve a minha vivência dos campos. Talvez seja isso que faz com que tenha quase alergia à terra e à labuta campestre... Ou seja, nem sequer se dão ao trabalho de por lá passar, e apanhar um limão ou uma tangerina. 

Embora o percebesse, eu, agora, homem, "amava" o campo, ao contrário da criança, que adorava correr e saltar pelos campos fora, mas detestava a dureza de todo aquele trabalho manual (o avô nesse tempo não tinha nenhuma máquina... era a parelha de bois e a burra - com e sem carroça - que o auxiliava na lavra e no transporte das coisas). E foi por isso que lhe falei do prazer do contacto com a terra, de ver essa coisa boa que é o nascer e o crescer dos frutos e legumes. E ele continuou a gracejar que preferia "colher" todas essas coisas do supermercado...

Pois é... mesmo sem darmos por isso, somos marcados de uma forma decisiva pela infância...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda )


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