segunda-feira, agosto 29, 2022

Memórias da "Quinta Pedagógica" dos Avós e de Outros Amigos de Quatro Patas da Infância...


Não começámos a falar de animais, pelos melhores motivos. Mas as queixas sobre os maus hábitos do cão da filha, que "era de casa" e fazia as necessidades onde quer que calhava, acabaram por nos levar de viagem, para histórias bem mais felizes...

Contei-lhe a história da minha infância, rodeado de animais...

Ao contrário dela, cresci com animais. O meu pai sempre teve cães, mas eram de rua, "moravam no quintal da "garagem-armazém" que ele alugara, quase no fim do bairro. A convivência foi sempre boa porque eles gostam de crianças. Os meus tios quando moraram perto de nós também tinham um "Rex" no quintal. Um pastor alemão que fui mais que uma vez buscar ao pinhal porque a garotada da vizinhança da "vila"  achavam-no parecido com um touro e faziam-lhe mil e uma partida, do lado de fora do muro. Ele não aceitava desaforos e acabava por partir a corrente, para depois saltar o muro e correr  e ladrar, lançando o pânico no corredor comum de todo aquele casario.

Havia sempre alguém que passava pela nossa casa e dizia que o "cão tinha fugido". E lá ia eu à sua procura. Ele assim que me via, corria alegre na minha direcção. Dava-lhe uma reprimenda e depois regressava a casa comigo. Às vezes levava-me quase de arrasto, tal a força que tinha, quando ouvia no corredor as vozes que o provocavam...

Mas o melhor era quando ia para a casa dos meus avós maternos. Todos aqueles pátios e currais eram uma verdadeira "quinta pedagógica". O avó tinha uma parelha de bois que o ajudava  nos trabalhos do campo, assim como uma burra e uma carroça (eram o "tractor e a froguneta" desses tempos...), porcos, galinhas, coelhos, patos, e até dois ou três porquinhos da índia, que andavam à solta num dos pátios e nem sempre se deixavam ver... Curiosamente nunca tiveram cães, e mesmo gatos, foi já na última fase das suas vidas.

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


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