Estava a ler um dos últimos capítulos da "Fanga" quando reparei que uns miúdos que estavam a jogar futebol próximo de mim se desentenderam. Um deles, pegou na bola e foi para o chapéu de sol dos pais, deixando os outros cinco chateados. Todos nós que fomos crianças, vivemos episódios destes, as famosas birras do "dono da bola", que achava que podia fazer quase tudo, apenas porque a bolita era dele...
Não pude deixar de pensar no romance de Alves Redol, que estava a ler, a "Fanga" (que não sabia o que era, antes da leitura. Fiquei a saber que era uma espécie de "arrendamento" de um pedaço de terra, onde o pagamento da "renda" era a "parte de leão" de toda a produção...), onde quem tinha as terras, ditava as leis do trabalho e também a respectiva remuneração.
Talvez faça parte da natureza humana, esta coisa de querer tirar proventos de um bem qualquer que nos pertença, e comece logo de pequeno, com qualquer dono da bola...
(Fotografia de Luís Eme - Algarve)
O pai perdeu uma excelente oportunidade para o ajudar a ser um bom homem!
ResponderEliminarPenso que te referes ao pai do Manuel Caixinha, a personagem da "Fanga", Severino.
EliminarReferia-me ao pai do miúdo egoista (da praia); poderá (o pai) ter deixado passar uma oportunidade de o chamar à razão e ensinar-lhe o caminho correcto (se, por acaso, o não fez).
EliminarAinda não li "Fanga".
EliminarSabes, Severino, nestas "disputas" entre miúdos, os pais muitas vezes não são ouvidos nem achados. Penso que o pai nem ligou ao que se passou, achou que eram coisas de miúdos.
EliminarMas tens razão, os exemplos começam em casa.
A "Fanga" é um bom livro, claro, na linha do neorealismo, Alves Redol é assim mesmo. Mas mostra-nos como era o nosso país há oitenta anos...
Li todas as obras do Alves Redol na minha adolescência....
ResponderEliminarEsse pai da tua praia perdeu uma boa oportunidade de ser Pai!
Mas, se calhar, também não sabe o que isso é ( ai, o meu filho, coitadinho!). Por estas e por outras é que isto está como está..
Eu já disse que o pai não ligou, deve ter pensado que era uma coisa de miúdos, Maria.
EliminarEu como assisti a tudo, os miúdos estavam a jogar a poucos metros de mim (felizmente as balizas ficavam em sentido contrário...), revi alguns episódios de infância, em que também conheci dois ou três "donos da bola"...