Estou convencido que há várias pessoas que apenas sentem alguma simpatia por Sócrates, devido à forma como foi detido no aeroporto e "condenado" por uma boa parte da comunicação social, ainda antes de ser presente a um juiz e de ser sentenciado.
Estes agentes da justiça poderiam ter aprendido alguma coisa com todo o "espectáculo" que ajudaram a montar, mas não. Nos últimos tempos voltaram a vestir o fato de "super-heróis" e a fazer fitas de acção, primeiro com Joe Berardo e agora com Luís Filipe Vieira, com uma grande vontade de transportar de novo a "justiça" para fora dos tribunais.
Mais uma vez é notória a tentativa de humilhar e de reduzir as pessoas a lixo, antes de serem condenadas pelos crimes que cometeram. Até parece que a condenação "pública" é mais importante que a "judicial".
Mas além de serem detidos em "directo", passa-se algo ainda mais grave: ficam dois ou três dias, fechados numa cela, antes de serem ouvidos em tribunal.
Como muito bem disse o bastonário dos advogados, Menezes Leitão, "deter pessoas para interrogatório durante vários dias, não me parece uma forma adequada de proceder". Mas ele vai ainda mais longe, em relação aos nossos direitos fundamentais: "não é por um cidadão estar envolvido num processo criminal que perde os seus direitos e que deve deixar de beneficiar da presunção de inocência. A forma normal de fazer as coisas seria convocar por notificação, a pessoa para comparecer para interrogatório, com a cominação que seria alvo de detenção caso não fizesse."
Não tenho nenhuma simpatia especial por qualquer um dos três prevaricadores presentes no texto, mas esta não é a minha justiça. A minha justiça faz-se nos tribunais e não nas ruas, nos jornais e nas televisões.
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
Qualquer dia ainda vão obrigar o Ricardo Salgado a entrar onde ele não quer (tribunal).
ResponderEliminarDevia ter sido o primeiro a entrar, Severino, se fossemos um país normal...
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