quinta-feira, junho 27, 2019

«Sei que pode parecer estranho, mas vivo muito bem com o pouco que tenho»


Eu sei que é difícil nestes tempos, povoados de apelos e tentações, ser-se capaz de dizer esta quase "barbaridade" (e de viver, claro...): «Sei que pode parecer estranho, mas vivo muito bem com o pouco que tenho.»

Mas existem pessoas assim, talvez para serem a excepção que confirma a regra...

Um daqueles acasos da vida que por vezes nos acontecem, fez com que conhecesse alguém, que, por opção pessoal, resolveu "voltar atrás no tempo", procurando rodear-se apenas das coisas que lhe fazem falta para viver. E são apenas três; a liberdade, a paz e o amor.

Na viagem de regresso a casa acabámos por falar do modelo de vida escolhido pelo João. Curiosamente ninguém o criticou. Todos falámos com admiração da sua coragem, não só por insistir em viver num "tempo diferente", mas também por não se deixar condicionar, em nada, por este mundo que nos cerca (é por isso que não tem televisão, telemóvel ou computador na sua casa...)

Para além das plantas e dos animais que o rodeiam, conta também com a companhia dos livros e dos discos.

Gosta de ser tratado como "artista-agricultor". Porque hoje ele é isso... pinta quando lhe apetece e cultiva os bens que gosta e considera essenciais para a sua alimentação.

Depois deste exemplo, fiquei com a sensação de que continuo a saber muito pouco da vida...

(Fotografia de Luís Eme)

4 comentários:

  1. É um estilo de vida mais saudável, para a mente e para o corpo. E se sentir a necessidade de saber como anda o resto do mundo, basta ir à tasca ou café do local...

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  2. Também nunca precisei de muito para viver e sentir-me bem com o que tenho, contudo, não posso deixar de nutrir uma grande admiração por quem rejeita todo e qualquer sinal das novas tecnologias, que nos aproximam do mundo e de tanto mal, também... :(

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  3. É muito libertador. Durante anos fiz umas férias, sem TV, rádio, nem imprensa. Era um mês em que me perdia com passeios a pé pela natureza e todos os anos regressavam mais forte. Mas percebo que um mês de desintoxicação não tem nada a ver com uma vida assim e não sei se seria capaz de tal proeza.
    Abraço

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  4. É preciso ter tido experiências muito desgastantes para se fazer esta opção.
    Penso que já não deve ter filhos a cargo e daí poder viver num total ascetismo!
    Quando me vejo rodeada de tralha sinto-me cansada e com vontade de vender a casa com o recheio e tudo!

    Abraço

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