Já depois de escrever o texto de ontem, publicado aqui no "Largo", li a crónica publicada no "Expresso", de Maria José Morgado, em que ela nos apresenta alguns dados estatísticos, que no mínimo, devem-nos deixar a pensar.
Ela aborda a luta contra a corrupção, sem deixar de focar as "montanhas que parem ratos" (de 604 comunicações de crimes só resultaram 19 condenações...), analisando os dados fornecidos pelo Conselho de Prevenção da Corrupção.
Quando ela refere: «O CPC recebeu no ano de 2018, descontadas
as cifras negras e a fragilidade dos números alcançados, um total de 604
comunicações de crimes económicos, dos quais os principais diziam respeito a
248 crimes de corrupção, 153 de peculato e 17 de prevaricação. Deste universo,
destacam-se as comunicações de crimes com indícios probatórios, das quais
resultaram 73 acusações, 19 condenações, três Suspensões Provisórias do
Processo e duas absolvições. As conclusões são más.»
É importante referir ainda que 48% destes crimes comunicados aconteceram em Autarquias...
Escolhi o título "Criticar a Justiça é das Coisas mais Fáceis do Mundo", porque é a verdade.
Raramente perguntamos, por que razão os processos que chegam aos tribunais revelam "tantas" deficiências e fragilidades nas investigações. Enquanto o Ministério Público e a Polícia Judiciária se debatem diariamente com problemas, como a falta de pessoal ou a utilização de meios técnicos ultrapassados, os "criminosos de colarinho branco" podem contratar os melhores escritórios de advogados (peritos na leitura das leis, que muitas vezes foram eles próprios que redigiram...).
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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