Pensei se devia, ou não, escrever algo sobre a escritora Agustina Bessa-Luís, que nos deixou ontem, fisicamente. Isso acontece por que sinto pela Agustina o mesmo que muito boa gente sente por José Saramago, sou incapaz de a olhar como a "melhor romancista do século XX".
Li apenas três livros da sua autoria ("Os Meninos de Ouro", "Sibila" e "Aquário e Sagitário"), o último dos quais há quase vinte anos. Provavelmente li-os na altura errada, cedo demais, especialmente a "Sibila", que recordo apenas como um livro de leitura difícil...
E também tenho dificuldade em compreender a Agustina, mulher pública, não pelas suas opções políticas, mas sim por ter aceitado ser directora, primeiro do diário "Primeiro de Janeiro" e depois do "Teatro D. Maria II". Digo isto por que não lhe encontrar qualidades para o desempenho destas funções (o que ficou comprovado no seu exercício...).
Embora saiba que nestas alturas de despedida é muito fácil usar as palavras "maior" ou "melhor", continuo a ter dificuldade em utilizá-las na literatura, na música ou nas artes plásticas, cuja análise é muito mais complexa que a escolha do "melhor futebolista do mundo", por exemplo.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Luís, não li nada da Agustina. Até agora não me chegou apelo suficiente para o fazer.
ResponderEliminarQuando morremos somos todos bons. Não sou sensível a homenagens deste tipo. (Já devias ter reparado que não recordo a data da morte dos poetas... a data de nascimento sim.)
Os três livros que li, não me convenceram a voltar à Agustina, Isabel.
EliminarEsquecendo a "hipocrisia gritante", acho que faz parte da natureza humana, guardarmos o melhor das pessoas que partem (o problema é quando não há melhor...).
Li vários, comecei pela Sibila por razões profissionais porque tive que a estudar com turmas do 12º.
ResponderEliminarNão é de leitura fácil mas eu gostei e penso que ensinei a gostar a dezenas de alunas, sobretudo.
Tenho-o entre os meus livros preferidos.
Quanto à mulher não tenho grande admiração por ela, pelas razões que apontas, pelo seu elitismo e conservadorismo!
Abraço
Não consegui gostar, Rosa. Talvez o tenha lido na altura errada...
EliminarA mulher pública também não me desperta qualquer interesse.
Em 1967, José Saramago, enquanto crítico literário da «Seara Nova», abordando o livro «As Relações Humana» de Agustina Bessa-Luís, lembrava que «Algumas das ideias de Agustina Bessa Luís não se limitam a ser conservadoras: são retrógradas.»
ResponderEliminarDizia ainda: «Como é possível não reconhecer e declarar que se há em Portugal um escritor onde habite o génio (vá esta palavra, ainda que perigosa e equívoca) esse escritor é Agustina Bessa Luís?»
Por motivos de opção política, nunca foi clara a sua posição face à ditadura, não me tornei um leitor de Agustina Bessa-Luís.
Já entrado nos 70 anos é que por fortuito acidente quotidiano li «A Sibila».
Sim um livro difícil, mas um romance muito bem escrito.
Mas o ter gostado não me levou a ler outros livros.
Dá-se o caso que Agustina talvez seja mais conhecida do que lida e por isso é curiosa a observação que o Luís faz com Saramago. Sim, há quem não goste só porque ele é comunista.
Deverão os escritores ficarem sujeitos à classificação política de serem de esquerda ou direita?
Talvez não.
Por mim, digo: não sei como isso se modifica e face à aparente dificuldade que encontro, preguiçosamente adianto que já estou velho para mudar!...
Apesar de tudo, o Saramago consegue ser mais simpático e autêntico que a Agustina, Sammy. :)
EliminarComparei-os apenas por estarem em campos opostos... e há muita gente que não consegue ultrapassar isso. Não é o meu caso. Eu não gostei mesmo dos seus livros (achei-os chatos e difíceis...).
Nunca li nada dela, embora nos anos 70 tenha começado a ler A Sibila. Porém na altura o livro não
ResponderEliminarme entusiasmou, tinha-o alugado, passados poucos dias, fui entregá-lo e levantei outro.
Depois disso nunca mais se proporcionou ler nada dela.
Abraço
É um livro difícil, Elvira.
EliminarE depois também há autores que não nos conseguem despertar grande entusiasmo...
Um dos comentadores disse que talvez ela seja mais conhecida que lida e eu tendo a concordar, não devido ao facto de eu não ter lido muitos livros da escritora, mas porque tenho-me apercebido através de vários blogues e comentários que há muitas pessoas que também não leram tantos livros como seria de pensar atendendo que é considerada “uma das melhores romancistas do século”.
ResponderEliminarTecem-se muitos elogios e louvores quando alguém das artes morre, e poucos enquanto estão vivos, o que não é o caso desta escritora.
Sei que tenho um livro dela, apenas um, em português; não me recordo do título e ainda não o fui procurar para confirmar. Também não me recordo, obviamente, qual o impacto que teve na altura.
Eu não sei por que razão é considerada a "maior romancista do século", Catarina.
EliminarNão sei mesmo. Mas a falha pode ser minha...
Realmente não sei se será a melhor romancista do século (mas também não estou a ver outra melhor-viva ou morta-).
ResponderEliminarGostei dos três livros que dela li - "Fanny Owen", "O mistério da légua da Póvoa" e "Sibila" e não os achei de leitura difícil.
Agora não exagerem é com o Panteão...
Acho logo um erro separar a literatura por géneros, Severino.
EliminarMuitas vezes o gostarmos ou não de determinado autor, tem muito a ver com o seu estilo, com a forma mais ou menos crua como escreve. Acho que passa por aí o meu afastamento da Agustina (a sua crueza...). Mesmo assim quero ler o "Susto" da sua autoria...