quinta-feira, janeiro 23, 2014

Claro que é Possível Viver uma Nova Vida


Quando escrevemos quase todos os dias, acabamos invariavelmente por nos repetir, mesmo sem darmos por isso. 

Claro que muitas vezes dizemos as mesmas coisas porque nos apetece. E hoje apetece-me voltar a falar da mulher, mãe de dois filhos, que deu a volta por cima, depois de uma década de maus tratos, que quase lhe destruíram a vontade de viver. 

Mas foi preciso ir parar ao hospital, para que as pessoas mais próximas  percebessem, finalmente, que ela precisava de apoio, não podia voltar a viver com o cobarde com quem casara. Sujeito que provavelmente continua a enganar-se a si próprio, jurando na roda de amigos que nunca lhe tocou com um dedo. O azar dele e de tantas bestas do seu quilate, são as perícias policiais...

Nunca lhe perguntei - nem vou perguntar - o porquê de tantos anos de sofrimento.

Vergonha? Sim. Sentimento de culpa? Também.

Vergonha de contar e de ser mal entendida, Culpa, que mesmo não sendo sua, acabou por se colar ao seu corpo, depois de ser tantas vezes empurrada...

Dois anos depois é outra mulher, voltou a gostar de se ver ao espelho, voltou a gostar de viver. Trabalha e já interiorizou que não precisa de nenhum homem para ser feliz.

O óleo é de Penelope Long.

10 comentários:

  1. E existem tantas mulheres em sofrimento!

    bjs

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  2. É um percurso muito doloroso até, finalmente, se libertarem...as que não são mortas antes!
    Não é fácil os canalhas deixarem-nas em paz!
    Que continue a caminhar de cabeça erguida e sem medo!
    Abraço

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  3. Estão sempre a repetir-se estes casos. A cobardia de quem maltrata conta com o pudor de quem é maltratado. Ainda bem que há mulheres que têm a coragem de reagir, mesmo que pareça tarde...
    Um abraço, Luís.

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  4. Tanta coisa para ler. O mal de quem só vem uma ou duas vezes por semana aos blogues é que por vezes tem seis ou sete textoos para ler num só blogue.
    O tema nunca é repetido e sempre é pertinente. Tanta mulher nas mesmas condições. Tenho uma tia com 84 anos que sofreu tanto. Chegou a ir parar ao hospital com a pancada que o marido lhe dava.
    Isto nos anos 50/60/70/80. Naqueles tempos a mulher, pelo menos as que tinham menos instrução achavam que era seu dever ou obrigação sofrer tudo o que o marido lhes fazia. Lembro-me de uma vez lhe dizer para ela largar o marido, que homem nenhum tinha o direito de tratar assim a mulher, ela me ter respondido que "quem se obriga a amar, obriga-se a sofrer". Criou coragem em 85 para a separação. Em 2000 encontrou um companheiro com quem foi muito feliz. Ficou viúva o ano passado.
    Um abraço e bom Domingo.

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  5. às vezes não é só nos filmes que há finais felizes, Elvira.

    e ainda bem.

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