Quando escrevemos quase todos os dias, acabamos invariavelmente por nos repetir, mesmo sem darmos por isso.
Claro que muitas vezes dizemos as mesmas coisas porque nos apetece. E hoje apetece-me voltar a falar da mulher, mãe de dois filhos, que deu a volta por cima, depois de uma década de maus tratos, que quase lhe destruíram a vontade de viver.
Mas foi preciso ir parar ao hospital, para que as pessoas mais próximas percebessem, finalmente, que ela precisava de apoio, não podia voltar a viver com o cobarde com quem casara. Sujeito que provavelmente continua a enganar-se a si próprio, jurando na roda de amigos que nunca lhe tocou com um dedo. O azar dele e de tantas bestas do seu quilate, são as perícias policiais...
Nunca lhe perguntei - nem vou perguntar - o porquê de tantos anos de sofrimento.
Vergonha? Sim. Sentimento de culpa? Também.
Vergonha de contar e de ser mal entendida, Culpa, que mesmo não sendo sua, acabou por se colar ao seu corpo, depois de ser tantas vezes empurrada...
Dois anos depois é outra mulher, voltou a gostar de se ver ao espelho, voltou a gostar de viver. Trabalha e já interiorizou que não precisa de nenhum homem para ser feliz.
O óleo é de Penelope Long.
E existem tantas mulheres em sofrimento!
ResponderEliminarbjs
Grande Mulher!
ResponderEliminar:)
É um percurso muito doloroso até, finalmente, se libertarem...as que não são mortas antes!
ResponderEliminarNão é fácil os canalhas deixarem-nas em paz!
Que continue a caminhar de cabeça erguida e sem medo!
Abraço
tantas, Rita...
ResponderEliminarsim, Piedade.
ResponderEliminare solitário, Rosa.
ResponderEliminarEstão sempre a repetir-se estes casos. A cobardia de quem maltrata conta com o pudor de quem é maltratado. Ainda bem que há mulheres que têm a coragem de reagir, mesmo que pareça tarde...
ResponderEliminarUm abraço, Luís.
é verdade, Graça.
ResponderEliminarTanta coisa para ler. O mal de quem só vem uma ou duas vezes por semana aos blogues é que por vezes tem seis ou sete textoos para ler num só blogue.
ResponderEliminarO tema nunca é repetido e sempre é pertinente. Tanta mulher nas mesmas condições. Tenho uma tia com 84 anos que sofreu tanto. Chegou a ir parar ao hospital com a pancada que o marido lhe dava.
Isto nos anos 50/60/70/80. Naqueles tempos a mulher, pelo menos as que tinham menos instrução achavam que era seu dever ou obrigação sofrer tudo o que o marido lhes fazia. Lembro-me de uma vez lhe dizer para ela largar o marido, que homem nenhum tinha o direito de tratar assim a mulher, ela me ter respondido que "quem se obriga a amar, obriga-se a sofrer". Criou coragem em 85 para a separação. Em 2000 encontrou um companheiro com quem foi muito feliz. Ficou viúva o ano passado.
Um abraço e bom Domingo.
às vezes não é só nos filmes que há finais felizes, Elvira.
ResponderEliminare ainda bem.