A existência de Deus é das coisas mais estranhas que nos cercam.
São poucos os que sentem sinais da sua presença entre nós. Não basta ir à igreja, ele nem sempre está lá. Aliás, das coisas que mais confusão me fazia na infância era a sua capacidade de estar em todo o lado...
Há pelo menos três categorias de pessoas no campo religioso: os crentes, os indiferentes e os não crentes. Parece-me que os primeiros são cada vez menos. Infelizmente uma boa parte deles tem pouco a ver com Jesus. Normalmente sentem-se pessoas "iluminadas", que estão acima do comum dos mortais, que com as suas orações estão a um passo do céu.
João não acreditava em Deus, mas a partir dos setenta, passou a ser mais aberto, até achava que se Ele existisse, lhe daria um sinal.
Quando ficou viúvo decidiu ir viver para uma aldeia do interior, onde tinha as raízes paternas. Foi um recolhimento voluntário, onde esperava acabar os seus dias em paz, e se possível sem muito sofrimento.
Ele escreveu um quase diário, onde registou os seus últimos pensamentos.
Foi no seu caderno, que me foi oferecido pela tia Laura, que fiquei a perceber que não conseguiu encontrar qualquer sinal de Deus.
Escreveu sobre todas as pessoas que foram morrendo na aldeia. Deixou bem claro que não encontrou Deus. Ficou ainda mais descrente ao perceber que Deus estava longe de proteger os mais desfavorecidos, que morriam agarrados à dor, sem terem dinheiro suficiente - e até vontade - para ir para um hospital da Cidade.
Concluiu que o dinheiro era mais importante que Deus na sociedade actual. Isso explicava em parte a melhor relação dos padres da paróquia com os senhores da aldeia, que com os mais desfavorecidos...
O óleo é de Karen Offutt.
Eis um tema de que sempre tenho dificuldade em falar. Já fui crente, deixei de o ser, mas eu acredito que encontrei o tal sinal da presença de Deus na minha vida. E por isso voltei a acreditar.
ResponderEliminarUm abraço
Hoje quando olhei para o mar vi Deus, quando olhei nos olhos de um cão abandonado vi Deus, mas, nem sempre consigo vê-lo o que é pena :)
ResponderEliminarbjs
ainda bem, Elvira.
ResponderEliminartenho a certeza que é uma coisa boa.
com o teu comentário, lembrei-me que às vezes penso que o vejo, Rita.
ResponderEliminarmas a sua indiferença irrita-me, muitas vezes, principalmente em situações de profunda injustiça.
Adorei este texto e a abordagem.
ResponderEliminarNão sou sexagenária nem estou perto mas já ando a aprender as mesmas "lições".
É diferente para uma pessoa da minha geração, não educada a frequentar a igreja e alheia aos rituais das orações.
Contudo a diferença para mim é que não preciso de provas se "Deus" existe ou não. Nem me confunde o facto de estar "em toda a parte". Ele tem de estar é em nós.
Agora a ideia que fazemos dele e o que dele esperamos é que é capaz de ser uma grande mentira. Provas não existem e por muito que se rogue por ele ou pela sua ajuda ou a dos seus "soldados", esta aparentemente não se manifesta.
Os pobres continuam pobres e quem sofre padece e continua a sofrer. A miséria impede alguns de serem saudáveis e até felizes. O DINHEIRO parece ser o que vai fazer a diferença entre uma coisa e a outra.
Deus está em nós. Nós não acabamos com a miséria.
é uma boa prespectiva, de Deus estar em nós, PT.
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