O homem de cor, provavelmente moçambicano como Eusébio, cuja fotografia trazia numa pequena moldura a tiracolo, caminhava lentamente à nossa frente.
Trazia no braço uma tira preta, das que se usavam noutros tempos, para assinalar o tempo de nojo por algum familiar.
Não sei se as pessoas que se cruzavam com ele, pensavam que o sexagenário podia ser parente de Eusébio, ou se apenas mais um "louco" recebido de braços abertos pelas ruas lisboetas...
A Rita, sempre com mais coragem que eu, perguntou-lhe a razão daquele luto e ele com simpatia, respondeu: «Eusébio foi a única pessoa na vida que só me deu alegrias.»
Compreendemos e respeitámos o homem, sem lhe fazer mais qualquer pergunta. A Rita deu-lhe uma nota de cinco euros e recebeu de troco uma vénia, um sorriso e ainda algumas palavras simpáticas com a sua pronúncia africana: «muito agradecido minina. E seja feliz, sempre».
A mim mais me parece um esperto, que, não sendo mentira que sente verdadeiramente a morte de um ídolo das massas e dos sonhos e fantasias por concretizar de muitos, não deixa por isso de tirar oportunidade dessa compaixão para, se os outros desejarem, ganhar um pouco às custas disso.
ResponderEliminaruma boa esperteza, então, PT. :)
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