quinta-feira, janeiro 30, 2014

A Rua dos Homens Antigos


Na rua dos homens antigos, as mulheres não sentem vontade nem curiosidade de entrar no único café existente, que quase se confunde com uma taberna antiga, graças à gritaria, ao cheiro a vinho e aos clientes, incapazes de fazer o típico quatro com as pernas.

Talvez se recusem a entrar naquele lugar, por repararem que os homens salivam de uma maneira estranha quando elas passam e aproveitam para fazer um concurso de piropos, fraquitos e ordinários.

Na rua dos homens antigos o café espera que chegue o homem da guitarra, para se desligar a televisão e apagarem algumas lâmpadas, para que se transforme num retiro de fado vadio, onde quase todos podem cantar e imitar alguém, desde o Fernando Maurício ao ti Alfredo, mesmo que sejam péssimas imitações.

Na rua dos homens antigos ainda passam por lá alguns marinheiros fardados, de azul no Inverno e de branco no Verão.

Na rua dos homens antigos, quase todos fingem que não sentem a falta das mulheres...

O óleo é de Júlio Pomar.

2 comentários:

  1. E ainda existem ruas assim? Parece que estava a ver a Telha e a taberna do João Corado nos anos 70.
    Um abraço e bom Domingo

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  2. claro que existem, Elvira.

    se ainda existem "homens antigos"...

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