Nunca fui o que se chama uma "ave nocturna", mesmo no período em que passava as quintas-feiras dentro das noites lisboetas e fazia quase directa, à espera do primeiro barco da manhã. Andava por ali a ver os brilhos da noite, ao mesmo tempo que descobria jogos de sedução diferentes, masculinos e femininos.
Muito menos era grande consumidor de álcool. Bebia quase sempre cerveja. Quando não o fazia, saboreava coca-cola com gelo e um cheirinho de whisky, de algum amigo com garrafa no bar dos lugares onde se davam pulos ao som da música dos anos oitenta.
Um das coisas giras das noitadas era corrermos contra a corrente, no começo das manhãs. Pouco ou nada nos importava que as pessoas que iam trabalhar nos olhassem de lado, como se fossemos "aves nocturnas" a tempo inteiro, com alergia a uma vida normalizada...
Mas não era alergia (pelo menos no nosso caso), era apenas o gosto de termos uma noite para a "boa vai ela", antes da confusão de sexta e sábado, e que servia de escape à tal ideia, de termos uma vida demasiado certinha.
Depois alguns namoros tornaram-se mais sérios e o grupo acabou mesmo por ser derrotado pela "vida normal", telecomandada pelas mulheres que queriam ser donas da nossa vida.
E lá se foram as "corridas" das quintas-feiras...
O óleo é de Yvonne Zomerdijk.
Para alguns, Luís! Outros provavelomente escolheram a sexta, o sábado...
ResponderEliminarAbraço
Belo post. Lembrou-me bons velhos tempos...
ResponderEliminarInteressante. A primeira vez que entrei numa discoteca foi em 69 no Maputo pela mão do marido. Naquele tempo, a cidade chamava-se Lourenço Marques e a discoteca era "boite"
ResponderEliminarTodas as noites perdidas com diretas para o emprego foram ao lado do marido e em África antes do 25 de Abril. O marido era militar, eu estava empregada num estúdio fotográfico em Moçambique e em Angola, ele continuava militar, estava de serviço no tribunal militar de Luanda e eu estava na secretaria do colégio Marista Cristo-Rei. Perdemos muitas noites nas discotecas da ilha, mas não perdemos um dia de trabalho. Tem-se muita genica quando se é jovem.
Um abraço e uma boa semana
Saudades, não, Luís?... Até eu - menina dos anos 50 - educada sem noitadas destas, às vezes tenho saudades de quando "corria contra a corrente"... Agora corremos contra a corrente e não conseguimos nada...
ResponderEliminarmuitos mais que nós, Catarina. :
ResponderEliminarpois, André. :)
ResponderEliminarpois temos, as directas quase que não faziam mossa, Elvira. :)
ResponderEliminara vida é isso, Graça.
ResponderEliminarTalvez também as mulheres tivessem uma quinta-feira assim e tenham sido eles a decidir pôr termos às quintas-feiras delas, assim acabando com as deles :)
ResponderEliminarduvido, Gábi.
ResponderEliminaristo foi há trinta anos, o mundo era ligeiramente diferente. :)
Eu ainda tenho dessas touradas..:)
ResponderEliminare tudo se foi, mas algo ficou, sinal que foi bom...
ResponderEliminar;)
de fez enquanto apetecia-me furar a noite, Laura.
ResponderEliminarmas vou adiando, adiando...
fica sempre algo, Pi. :)
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