Um dia destes dizem-me, «o Jorge morreu». Sei que fico triste, mesmo percebendo que talvez seja a libertação de uma vida demasiado triste e amargurada, de quem tem teimado ser doente a tempo inteiro desde a infância.
Às vezes penso que o Jorge nasceu com a "morte" colada ao corpo. Fala vezes demais como se a sentisse como uma cicatriz no rosto, como se fosse forçado a encará-la sempre que se vê ao espelho ou no reflexo de qualquer montra.
Conhece mais médicos que todos nós juntos, porque consegue transformar qualquer dor passageira num drama quase apocalíptico.
Confessou-me um dia destes que se tivesse dinheiro fazia psicanálise à séria. Quase a sorrir acrescentou que havia sempre a possibilidade de passar a gostar da morte, e sempre lhe podia propor casamento, para depois tentarem viver felizes para sempre.
Óscar Niemeyer foi a antítese de Jorge, quis viver todas as vidas que lhe deixaram, deixando uma obra ímpar no Brasil e no Mundo. A minha prima Ana escreveu hoje nas páginas do "Público" um perfil quase biográfico, "O poeta da linha curva", que vale a pena ler...
O óleo é de Zhang Wen Xin.
Infelizmente existem muitos mais Jorge(s) que Óscar(es)...
ResponderEliminarHá gente que vive e morre quase sem se dar conta de que existiram. Outros continuam vivos muitos anos depois da sua partida fisica deste mundo.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
sim, o Óscar e o Manoel, assim como os meus amigos Fernando e Manel (quase nos noventa...), são excepções, Graça.
ResponderEliminarviver é uma benção dos deuses, todos, e provavelmente também de alguns demónios.
sim, a maioria, Elvira.
ResponderEliminaraté medo de pensar pela sua cabeça, preferem ir no rebanho...