Enquanto passeávamos pelas ruas de Alfama, recordou-me que das primeiras vezes que ouviu cantar o fado numa das casas do Bairro Alto, achou estranho que as cantadeiras fossem praticamente só mulheres com alguma idade, que se apresentavam excessivamente pintadas. Foi por isso que nem questionou o empregado do bar, quando este lhe disse que uma boa parte das fadistas eram antigas prostitutas, daí os exageros de tinta nos olhos e nos lábios.
Algum tempo depois contou este episódio a um amigo, que não só lhe sorriu como lhe disse que tinha sido bem enganado.
Já tinha pensado no assunto e achara que não fazia muito sentido, até por elas cantarem quase sempre a saudade. Perguntava para os seus botões: «Qual é a mulher que tem saudades da prostituição?»
Quando começaram a aparecer fadistas jovens e bonitas e ele voltou à mesma casa e com alguma lata perguntou ao "barman", se também havia muito desemprego na prostituição. Este não percebeu onde ele queria chegar, foi preciso dizer-lhe que cada vez havia fadistas mais jovens, que deviam estar a tirar o emprego também nas casas de fado, às "prostitutas reformadas" de outros tempos...
Voltou a sorrir e exclamou: «não me diga que acreditou naquilo que eu lhe disse!»
O óleo é de Nathalie Fougeras.
Que temática deselegante.
ResponderEliminarDiria mesmo... bacoco!
Tem escritos mais interessastes.
Não concordo com o comentador acima. É uma história bem lisboeta - como eu...
ResponderEliminarAs suas história(zinha)s são sempre interessantes, garanto-lhe, Luís.
Andei por aqui pondo a leitura em dia.
ResponderEliminarUm abraço
às vezes sou assim, Hanaé...
ResponderEliminara Graça é uma querida. :)
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