segunda-feira, novembro 12, 2012

Um Outro Lado do País


Há um parte do país que finge que não pára, por ser dia da visita da chanceler alemã ou do regresso à pátria de um dos "metralhas" mais famosos do burgo, até aqui, "exilado" em Londres.

Enquanto bebo o café olho para o Manel, que se finge distraído e deixa que a mulher, que deve andar entre os trinta e os trinta e cinco, faça o "golpe" do costume. 

Folheia as páginas do "CM" sem se preocupar com as páginas manchadas de sangue ou com as notícias do dia. A sua única preocupação é desviar o caderno dos classificados, sem dar muito nas vistas, para no regresso a casa, sublinhar as ofertas que podem interessar.

Sabe que não são os alemães, e muito menos os governantes portugueses, que lhe vão tratar da vidinha. Tem de ser ela, a responder diariamente a anúncios e a fazer um papel qualquer, a sorrir sem vontade, para conseguir emprego, mesmo que seja por apenas meia dúzia de meses.

O óleo é de Vicente Giarrano. 

10 comentários:

  1. Raio de país este!!!!!
    E aqui, nesta terra que é a nossa, não acontece nada!
    Bolas para os águas mornas :(

    Beijinho, Luís.

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  2. A vida arrastada de tantos e tantas! :((
    Será que o desemprego não bateu já à porta da maioria das famílias portuguesas?

    Abraço

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  3. Muito triste! Lamento profundamente por esses e essas portuguese(a)s que não têm horizontes porque não os há. E com filhos para criar. Já voltei a deixar de dormir, acredita?

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  4. está tudo adormecido com a "música" do Costa, mesmo que seja desafinada, Maria.

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  5. já deve ter batido em praticamente todos, Rosa.

    filho, filha, nora, genro, tio, primo, etc, ninguém escapa.

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  6. o pior é percebermos que em 2013 ainda vai ser pior, Graça.

    que cambada de incompetentes e vendidos!

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  7. triste e verdadeiro, o que me deixa angustiada e com um sabor estranho na boca e por que cargas de água, sinto os olhos húmidos?

    p.... de vida....

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  8. isto está cada vez mais complicado, Pi...

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  9. E os anos passam... Quando eu era menina os meus sonhos passavam por ter uma casa de paredes de cimento, com luz e água.
    Mais tarde sonhava em juntar alguma coisa para que a minha velhice fosse melhor do que a infância e velhice.
    A longa doença dos pais, e a ajuda ao filho e sua família tudo levaram.
    Finalmente o governo roubou-me a capacidade de sonhar.
    Um abraço

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  10. as coisas nunca estiveram tão mal como hoje, para a maior parte dos portugueses, Elvira. :(

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