Sei que já há algum tempo que não deixo por aqui a ponta de qualquer conversa. Mas hoje tem de ser...
Nunca tinha pensado que as mulheres vivem melhor com as suas memórias que nós homens. Foi a Rita quem mo disse. Comecei por duvidar, mas depois aceitei, tais foram os seus argumentos...
Começou por me dizer que são poucas as viúvas que voltam a casar, ao contrário dos homens. Explicou-me que não se tratava apenas da sua capacidade de sobrevivência e de independência.
Quando ela me disse que as mulheres adormeciam e acordavam com as suas memórias, sem quaisquer sobressaltos, fiquei agarrado às suas palavras.
Lembrei-me de duas ou três mulheres, agora sós, inclusive a minha mãe, para quem os seus mundos se resumiam a um único homem.
Parece que sim, Rita, as suas memórias são tão fortes que vencem todas as batalhas da solidão...
O óleo é de Paul Robert Turner.
Pois, aqui vou ser mais uma vez do contra (mas vou contrariar a Rita, que não conheço) e por ter passado por isso. Não convivo bem com as minhas memórias, continua a haver um lugar escuro em mim, ao qual tento evitar ir, uma ferida que nunca vai sarar, estou grata pelo que vivi de bom e não quero esquecer nada, nem o bom, nem o mau, porque se perdi tanto, não quero perder mais nada. Agora adormecer e acordar com essas memórias, sem sobressaltos, nunca!
ResponderEliminarE as memórias só poderão vencer as batalhas da solidão, se se pensar que a dor em alguns momentos pode ser tão avassaladora que não deixa espaço para a solidão.
Nunca tinha pensado nisso mas se calhar faz sentido. Para o bem e para o mal há memórias de sobra.
ResponderEliminarÉ bem verdade! A minha mãe ficou viúva com 42 anos e ficou sempre sozinha. Já a mãe dela, a minha avó espanhola, "enterrou" três homens... e ainda viveu 20 anos viúva... Era de força!
ResponderEliminarAs suas reflexões são sempre muito completas, muito concretas, muito bem postas. Gosto!
Beijinho
Há tempos ouvi uma senhora viúva contar que sempre dormia com o pé dela encostado ao do marido.
ResponderEliminarTinha ficado viúva havia 15 anos e dizia-me ela que quando se s deitava e punha o pé no sítio onde o marido costumava ter as memórias eram tão fortes que adormecia com a sensação de que ele lá estava.
Um abraço
Também concordo! Todos os dias a minha mãe fala do meu pai como se estivesse vivo e já lá vão quase 5 anos... :(
ResponderEliminarBeijinho Luís
é bom seres do contra, Gábi.
ResponderEliminardizeres o que pensas. :)
eu também nunca tinha pensado no assunto, antes desta conversa, Luisa...
ResponderEliminarquando pensei na minha mãe, Graça, também achei que sim.
ResponderEliminargrande exemplo, Elvira.
ResponderEliminaroutro bom exemplo, o teu, Margarida.
ResponderEliminarnão concordo, nem todos conseguem viver em paz com as suas memórias, mas é uma opinião mina.
ResponderEliminarcomo sempre gostei do teu texto.
um bom fim de semana.
um beij
claro, Piedade.
ResponderEliminarmas também falava mais de boas memórias...