Muitas reuniões de trabalho têm sempre algo de lúdico, quando as pessoas se conhecem bem e aproveitam para falar do seu percurso de vida sem grandes rodeios.
Eu era o mais novo da mesa - e já estou quase nos cinquenta, - mas ao ouvir um dos meus companheiros de jornada, falar do choque que sentiu quando começou a trabalhar numa grande fábrica (ainda antes do 25 de Abril), com as conversas que escutava entre colegas, no refeitório e nas secções, quase sempre iguais. A segunda-feira estava entregue ao mundo dos futebóis, mas de terça a sexta, eram os "papagaios" que tomavam conta da semanada, contando as suas múltiplas aventuras sexuais (que imaginação tão fértil...). Pois embora fossem casados, quase todos tinham três ou quatro amantes, também casadas.
Ainda solteiro e pouco dado a gabarolice, um dia, já cansado de tanta invenção, perguntou-lhes se conheciam as mulheres uns dos outros. Disseram-lhe que não. Era o que ele queria ouvir e acrescentou que com tanta mulher casada metida ao barulho, se calhar era capaz de alguma delas ser deles e andar também a variar de parceiro, até por trabalharem por turnos.
O que ele foi arranjar... conseguiu que os "papagaios" ficassem quase todos a coçar a cabeça... E claro, reduziram drasticamente o número de amantes, pelo menos à sua frente.
E o quanto ele se sentiu desiludido neste começo de vida de trabalho, pois pensava que ia encontrar operários politizados e não imaginativos "amantes de putas e de futebol".
O óleo é de Carlos Orduna Barrera.
Não, não sou o seu colega.
ResponderEliminarTambém conheci esse ambiente que fala, de gente frustrada, só com trinta e um de boca, capazes de dar má fama a mulheres sérias, sem molharem o bico.
Se tomassem conta do que tinham lá em casa, ganhavam mais.
Mas o ambiente de fábricas só de homens é assim mesmo. Quase ninguém quer ficar para trás e entra quase tudo no jogo.
mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo.
ResponderEliminargostei!
um beij
"Presunção e água benta cada qual toma a que quer!" - diz o povo e muito bem! :-))
ResponderEliminarOu então "Muita parra, pouca uva!"
Abraço
Um post muito interessante.
ResponderEliminarSempre vivi em ambiente de homens e mulheres, tanto na Seca do Bacalhau, como na fábrica da cortiça, ou na cordoaria. Era um ambiente em que todos se conheciam, e a maioria trabalhava com a mulher pelo que um ambiente era bem diferente desse só de homens.
Um abraço
neste sentido, acho que crescemos bastante, Santos Costa.
ResponderEliminarainda me lembro de sair com colegas casados na baixa lisboeta e de os ouvir atirar "piroupos" do mais ordinário que existe, ás mulheres com quem se cruzavam nas ruas...
também, Piedade.
ResponderEliminarmuitas ilusões tristes, era o que era
é curioso, mas a presença da mulher sempre amenizou os ambientes masculinos, Elvira.
ResponderEliminaraté nas redacções dos jornais, quando quase não existiam mulheres jornalistas, a linguagem era do mais rasteiro que existia.
o povo tem quase sempre razão, Rosa. :)
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