Ontem antes de ir para a cama percorri alguns canais televisivos, a ver se encontrava algum filme que me "convidasse" a ficar mais algum tempo na sala.
Parei no Canal 2 e fiquei uns minutos a ver um verdadeiro filme europeu, com pouca acção e poucos diálogos, grandes planos de uma actriz loura... ou seja, não consegui perceber nada do filme. Sei que se tivesse mudado para um dos canais dos filmes da américa, a acção e a velocidade das cenas, assim como os diálogos, tinham-me ajudado a entender o que estava dentro desse filme.
A uma maior profundidade cinematográfica europeia, sobrepõe-se a quase espontaneidade fílmica americana. Mesmo que esteja a falar de ficção, fiquei a pensar se não viveremos mesmo a velocidades diferentes, nestes dois continentes...
E foi assim que fui para a cama a pensar na diferença que existe em cinco minutos de fita... Pensava que de manhã teria esquecido o assunto (como acontece tantas vezes), mas afinal não...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
O meu parceiro dizia perante filmes desses:
ResponderEliminar- Ou é francês ou é do Manuel de Oliveira!
Nem oito, nem oitenta!
Abraço
É muito isso, Rosa. :)
EliminarSão velocidades e mundos diferentes. O quarenta faz falta. :)
Muito interessante esta sua reflexão e pensando bem, tem toda a razão!
ResponderEliminarSão estilos diferentes, mas a verdade é que precisamos ter em conta que a indústria cultural americana usa muito oa critérios de venda!
Qual é a audiência do canal 2? E que tipo de pessoas vê o canal 2?
Pois é, Micaela.
EliminarE cada vez temos menos paciência para ver um filme num ritmo diferente das nossas vidas, em constante correria...
Se não fôsse o Canal 2 eu só via bola e o Joker (e documentários sobre animais)!
ResponderEliminarMas a própria vida, corre cada vez mais depressa, Severino.
EliminarE quem fica para trás, torna-se quase um "ET"...
Eu não gosto de ser pedante, mas invocar a espontaneidade dos americanos num post ilustrado por uma foto que tem em destaque um cartaz do "À Bout de Souffle" não deixa de ser divertido. Eis o filme europeu "de autor", com fotografia de um repórter de guerra, filmado à mão, com iluminação natural, que quebrou todas as regras então vigentes, que ficou célebre pelos jump cuts, e que os americanos espontaneamente passaram e continuaram a imitar até hoje ... desde os medianamente talentosos (vidé Scorcese, começando por "Mean Streets") até aos cabotinos e "faquins" como o Tarantino. :)
ResponderEliminarExperiência: desligar o som e comparar um desses filmes americanos (como se podem espreitar nas viagens de avião, por vezes nos écrans dos passageiros) com o "Livre d'image": é como comparar um calhambeque com um carro de corrida (conduzido pelo velhinho J-LG). Aliás, isso até me faz lembrar que o Oliveira foi condutor de carros de corrida, além de desportista, empresário e muitas outras coisas: mais vale poucos planos esgalhados por olho apurado que quarenta planos de dois segundos preparados para atrasados mentais. A experiência de vida faz a diferença, por essa razão o cinema americano dos anos 30 aos 60 produzia dezenas de obras-primas por ano. Hoje os fazedores de filmes saem das escolas de cinema sabendo é claro muito pouco da vida, como quase nós todos ao sair da universidade, e é claro que são incapazes de contar seja o que for de interessante. São os "salões" e os "pompiers" do nosso tempo.
às vezes a escolha de fotografias é uma lotaria, Miguel (até porque optei por colocar sempre imagens da minha autoria). :)
EliminarO que eu quis dizer é que o nosso ritmo de vida (muito americanizado), tem influencia na maneira de olhar, de ver, inclusive cinema.
Não quis ser muito técnico. :)