Ontem escrevi sobre um filme e uma realizadora, pela forma como ambos foram "esquecidos" e "abandonados". O Movimento das Coisas, que foi terminado em 1985 só vai ser exibido em salas de cinema em 2021.
Sobre Manuela Serra há ainda outra história (não menos triste que a do filme...) que a levou a abandonar a sétima arte. Quando ainda não se falava de assédio sexual. Ela explicou-a, sem qualquer tipo de "rodriguinhos", no Jornal de Letras: «Os motivos que levaram a pôr definitivamente uma pedra no assunto foi receber certo tipo de convites... Na altura, os homens muito poderosos sentiam-se à vontade para fazer propostas a mulheres, eu não quis entrar por essa porta. Não devo ter sido a única vítima. Havia abuso de poder e colocaram-me em situações extremamente difíceis. A maioria deles já morreu e os crimes prescreveram.»
Todos nós já percebemos que havia uma casta de "machos" (minoritária...), que utilizavam o poder que tinham para ir muito para além dos jogos de sedução. Pressionavam e chantageavam, até conseguirem o que queriam. Felizmente com todas as denúncias que têm vindo a público, devem ter os seus dias contados.
Do que ninguém fala é de outro poder masculino (o feminino sempre foi muito mais discreto), que sempre dominou o mundo das artes, esse mesmo, o homossexual. Acho curioso que não surja nenhum homem a falar sobre as histórias de assédio, de que foi vítima (por encenadores, realizadores e actores, especialmente no começo de carreira...).
O problema é sempre o mesmo. Provavelmente, além da vergonha, têm medo de entrar em alguma "lista negra" e não voltarem a trabalhar no mundo do espectáculo...
(Foto de Luís Eme - Ginjal)
E o lobby gay cresce assustadoramente em todos os sectores...
ResponderEliminarO que questiono é ninguém falar sequer nisso, Severino.
EliminarEmbora seja uma realidade, especialmente na Cultura.