terça-feira, abril 16, 2013

O Velho Marinheiro


Embora tivesse escolhido para todo o sempre, ser apenas "marinheiro de água doce", o velho Comandante Jorge aproveitava todas as oportunidades que a vida lhe dava para vestir a sua farda de oficial da Marinha Mercante.

Sorria para os companheiros, escondendo o desgosto de ser apenas "meio marinheiro". Foi logo durante o curso que percebeu que o seu amor pelo mar não era correspondido pelo seu corpo frágil, mais especificamente o seu estômago, que dava voltas e voltas, acompanhando as ondas e provocando enjoos permanentes, que faziam com que largasse "carga ao mar", mesmo quando apenas lhe restavam as tripas...

Embora ocupasse cargos de responsabilidade na orgânica naval, limitava-se a ver os navios partirem rente ao cais, muitas vezes fardado, como qualquer comandante de uma daquelas barcas que desafiavam o oceano e seguiam os caminhos desbravados pelos nossos estupendos navegadores quinhentistas.

O óleo é de Douglas Gray.

6 comentários:

  1. Nem toda a gente consegue andar no mar. Meu marido nunca tinha enjoado e quando foi para a Guiné, levou a viagem toda a gritar pelo S. Gregório. Foi num dos barcos da Marinha de Guerra portuguesa e ainda hoje diz que se a viagem durasse mais tempo não chegava lá vivo. No entanto nunca tinha enjoado antes disso, nem nunca mais enjoou depois disso. Nem mesmo quando esteve em comissão no mar dos Açores.
    Um abraço

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  2. Foi um descansado navegar à vista que me trouxe aqui. Gostei de aportar e registei as coordenadas no livro de bordo...
    parabéns!

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  3. Deve ser triste o corpo não acompanhar o coração!

    Abraço

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  4. pois não, Elvira.

    muitos não deixam de sonham com um mar chão, para darem uma volta ao mundo. :)

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  5. grato, Jorge.

    apareça sempre.

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