segunda-feira, abril 29, 2013

Afinal o Verdadeiro Artista Era o Outro...


Estranhei o homem que se pavoneava junto aos quadros, com lencinho ao pescoço dentro da camisa, cabelo puxado atrás com gel e um bigode fino, à "Clark Gable". Não me aproximei muito e fiquei a pensar que deveria ser galerista ou então algum agente contratado para "vender quadros".

Preferi cumprimentar e trocar algumas palavras com o Francisco, que estava sentado num canto, a ler uma revista, na vulgaridade das suas calças de ganga e camisa aos quadrados pequenos, felizmente sem ninguém por perto naquele momento.

Voltei a olhar alguns quadros e ao passar perto ouvi o "Gable" a explicar a temática e as cores do quadro, com uma desenvoltura, digna de qualquer artista plástico.

Foi quando a galerista chamou a atenção aos presentes, dizendo que se iria proceder à inauguração oficial da exposição.

Disse umas palavras de circunstância, antes de apresentar o Francisco, que com um discurso simples e minimalista, agradeceu a presença de todos os amigos e convidados, esperando que pelo menos eles se interrogassem sobre o que estava dentro dos quadros.

Entretanto olhei à minha volta e nada de "Gable", evaporara-se. Algumas pessoas próximas olhavam umas para as outras e interrogavam-se, quase com desdém: «então este é que é o artista?» Uma ainda foi mais longe, «coitadinho».

Esbocei um sorriso e lembrei-me que estava em Portugal, no país onde as pessoas parecem gostar de ser enganadas... 

Preferem sempre as palavras bonitas à realidade.

O óleo é de Danian Elwes.

6 comentários:

  1. acho que é mundial, há sempre que queira ser o que não é, Helena.

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  2. É amigo, infelizmente há muita gente que escolhe o presente pelo embrulho sem se preocupar de saber o que lá está dentro.
    Um abraço

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  3. pois, Elvira.

    o mundo dos sonhos é já ali.

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  4. Infelizmente dá-se mais valor ao invólucro.

    Abraço

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