quinta-feira, janeiro 31, 2013

«Às vezes morremos, mesmo que continuemos vivos»


Perguntei ao Carlos por um amigo dele, que não via há meses. 

Disse-me que perdeu o hábito de sair de casa e agora é um problema para vir à rua. Quase que só sai para ir ao médico...

Lembrei-me da minha mãe, que anda todos os dias, sem ligar às dores nos joelhos e num dos pés. Lembrei-me do Augusto, que se apoia nas muletas há pelo menos meia dúzia de anos, e raramente falha o café.

Quando o questionei, se ele não lhe telefonava e chateava para se encontrarem, disse-me que não, acompanhado da frase que dá título a estas palavras: «às vezes morremos, mesmo que continuemos vivos.»

Depois ficámos em silêncio, por alguns instantes...

O óleo é de Janet Ternoff.

8 comentários:

  1. Não é fácil ajudar quem decidiu morrer aos poucos...
    Mas se ninguém insistir, se a ausência se instalar, a solidão é como o musgo agarra-se à alma e já não sai de lá!

    Abraço

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  2. A apatia, o deixar andar, a perda do gosto de viver.

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  3. há coisas que custam muito ouvir...

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  4. E de que maneira! Há para aí muitos zombies. Os bilhares do Central, p.e., estão cheios deles.

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  5. instantes em silêncio, cheios de significado.
    Aproveitemos, pois, a vida...enquanto temos vivos...

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  6. O meu maior medo é viver morrendo.
    Assiste-se tanto a isto!

    Bjs e bf de semana

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  7. Há pessoas assim. Mais fechadas, mais metidas consigo. Mas sentir-se a morrer mesmo que vivo é muito triste. E o pior é que há cada vez mais gente a sentir assim: falta de alegria de viver.

    Beijo. Bom fim de semana.

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