Olho para a nossa história e sinto que sempre foram mais os que ficaram no cais, que os que partiram nas caravelas. E não foi apenas uma questão de espaço...
Mesmo nos tempos salazarentos, eram mais os que ficavam, condenados à miséria, que aqueles que partiam à aventura para outros países, em busca do que não existia por cá: dinheiro para comprar pedaços de sonhos.
Nem mesmo durante a guerra colonial, se fugia do destino, que podia muito bem acabar além mar. Só uma minoria teve coragem para desertar.
Ainda hoje é assim. É por isso que digo que a maior parte de nós nasceu "velho do restelo".
Felizmente há sempre alguém que parte e tem sucesso, na senda de Vasco da Gama ou de José Mourinho.
Acho que nós, os que ficamos por cá, com o olhar preso ao cais, gostamos muito do chão que pisamos, mesmo quando o vento teima em soprar contra tudo aquilo que é razoável...
O óleo é de Anne Magil.
Como me custa ter de concordar!
ResponderEliminar(Gosto muito de vir aqui ler os seus breves textos. São sempre profundos e tão criativamente sintéticos)
Beijinho
também a mim, Carol.
ResponderEliminartambém gosto muito das suas palavras com açucar. :)
Há qualquer coisa de estranho nesta nossa alma lusa!
ResponderEliminarBeijinhos :)
É verdade amigo. Parece que ão cortamos o cordão que nos liga à terra onde nascemos. Quando eu era menina tive uma infância de miséria. Perto do barracão onde morava havia umas arribas. Costumava ir brincar para elas com meus irmãos. Uma parte em especial tinha uns recortes e nós dizíamos que era um castelo.
ResponderEliminarVinte anos mais tarde quando estive fora, levei noites a sonhar com aquele castelo. Sentia uma saudade dos sítios quase tão grande quanto a da família.
Um abraço
se há, Virginia.
ResponderEliminareu diria, humana, e não apenas lusa. :)
são os nossos lugares, Elvira.
ResponderEliminarestão dentro de nós.