Podia ser uma cena de filme, realizada por um europeu daqueles que gostam de dar voltas ao amor, que o preferem contar de uma forma distorcida, de maneira a que nada pareça bater certo.
Coisas do século passado, em que ainda existia teatro de revista e umas moçoilas boas que eram apelidadas de coristas. Normalmente eram mulheres desinibidas, habituadas a mostrar as melhores partes do corpo nos palcos, cantando e rindo, mas quase sem falas.
Havia um pouco de tudo, mulheres que já tinham ultrapassado os trinta e que viam os sonhos a fugir para longe. Sim, os sonhos de um dia serem as protagonistas de qualquer peça teatral, ou até de um filme. Apenas as jovens que rondavam os vinte anos e que pensavam ter forças para provar que eram mais que um corpo curvilíneo, continuavam a correr atrás dos sonhos.
Tu pertencias a este último grupo, notava-se que tinhas o mundo todo à frente.
Não sei se gostei logo de ti, ou se simplesmente fomos empurrados um para o outro, como costuma acontecer quando se juntam grupos de homens e mulheres, uns conhecidos outros nem por isso.
Sei apenas que é impossível esquecer o que vi no fim da noite, no lado escuro do quarto.
Era tão novo... nunca tinha visto uma mulher a despir-se com tanta naturalidade, sentada na única cadeira do quarto. Cantavas e sorrias de uma forma tão suave, ora olhando para mim, ora para dentro de ti.
E claro, também foste a primeira que vi usar um cinto de ligas.
O óleo é de Paul Laurenzi.
A revelação de um pseudo-amor de juventude. Gostei.
ResponderEliminarUm abraço
Bem escrito, Luís.
ResponderEliminarGostei muito da intercontextualidade com o cinema
ResponderEliminarmemórias.
ResponderEliminarque ficam.
gostei de ler.
beij
A memória, boa narradora...
ResponderEliminarBeijos, Luis.
a revelação de um tempo que já não há, Elvira.
ResponderEliminarexiste outro, com memórias diferentes. :)
grato, Carlos.
ResponderEliminaré assim, gosto muito de cinema e de mulheres, Olinda. :)
ResponderEliminarsem dúvida, Piedade, de uma outra Lisboa, que em vinte, trinta anos mudou tanto...
ResponderEliminarse é, Filoxera. :)
ResponderEliminarUm momento memorável e marcante.
ResponderEliminarE a vida faz-se de momentos.
Beijinhos, Luís
Na verdade, dava um belo filme.
ResponderEliminarpois faz, Virginia.
ResponderEliminarsão eles que nos ajudam a construir a descontruir a matéria que também entra nos sonhos. :)
sim. tu percebes e sentes, Laura,gostas de cinema, de olhar, de recordar, de escrever. :)
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