quarta-feira, março 31, 2010

O Preconceito na Caixa do Supermercado

Não pude deixar de reparar nas compras da senhora que estava à minha frente, na caixa do super mercado, com mais de cem quilos de envergadura, eram pizzas, salsichas, hamburguers, ovos, batatas fritas, bolachas, colas, etc.

Em contraponto com a lentidão de movimentos da senhora, fui invadido pela ligeireza dos pensamentos preconceituosos, que povoaram de imediato a minha cabeça.
Para os derrotar, uma parte de mim, começou a defendê-la. «Provavelmente aquela comida é para os filhos...» Mas o preconceito racional continuava activo: «o que não deixava de estar errado, até porque a sua filha já lhe seguia as pisadas.»
Tive de ser ainda mais forte para os silenciar, lembrar-lhes que aquela comida, que para muitos é de "plástico" era a mais económica e mais rápida de se fazer em casa, das muitas que se vendem por aí. «Estamos a voltar ao tempo em que as visitas ao talho e à peixaria começam a ser um "luxo", que não está acessível a toda a gente...»
E quem disse que o senhor "preconceito" me largava?
«Claro que se pode fazer uma comida mais barata e mais saudável, tendo como base as saladas e as sopas de legumes, mas muitas pessoas têm a mania que detestam sopa (a começar nos nossos filhos...)», exclamou ele no alto da sua sapiência...
Escolhi este óleo de Botero, porque a gordura, pelo menos na arte, continua uma formosura, apesar dos preconceitos da sociedade.

18 comentários:

  1. E olha que coincidência interessante... ontem à noite, assistindo ao noticiário na TV, falavam de uma pesquisa feita com ratinhos de laboratório, onde concluíram que esse tipo de comida libera dopamina (aquela conhecida enzima do prazer) e essa comida vicia, por isso é tão complicado nos livramos dela.

    Eu adoro, mas não dispenso uma salada em todas as refeições e uma verdurinha... então se for escarola saltitanto no azeite e na cebola... nhami! :)

    Beijinhos, Luis

    ResponderEliminar
  2. Eu juro que não era eu :)!
    Dessa lista só compro ovos. Mas é verdade que cada vez mais veremos comida desse tipo nos carrinhos de supermercado, pois a peixaria e o talho estão, para muitos, pela hora da morte.
    O quadro de Botero é lindo!

    Beijinho, Luís.

    ResponderEliminar
  3. SE soubesses a quantidade de preconceitos que me assaltam cada vez que estou numa caixa de supermercado... então se a fila for grande...:)
    Beijinhos, Luís

    ResponderEliminar
  4. Eu juro que também não era eu:)!
    Muita coisa pode estar por detrás dessas compras, falar de fora por vezes é muito fácil...

    Boa Páscoa! Com doces, eheheh

    Bjs, Luís*

    ResponderEliminar
  5. mentimos todos se dissermos que nunca sofremos um "ataque" desses.
    nesta ou noutra questão qualquer.
    atrevo-me a dizer que nem sempre,(muitas vezes)há uma relação com o preço.
    são facilitismos que vão viciando a forma como "resolvemos" a questão alimentar. ainda que custe dar às crianças um não,( não vão eles ter que lidar com ele ao longo da vida?) é uma atitude pedagógica educar os paladares.

    ___

    beijos Luís

    ResponderEliminar
  6. Cheio de mea culpa e de bom senso o teu post! :-))
    Ando a frequentar um curso livre com o título de "Aproximação aos estudos iconográficos:
    Arte Sacra e Arte Profana
    - Leituras e interpretaçoes -

    Pois numa das sessões, o professor passou um quadro com a pintura de uma senhora obesa num supermercado, com o carrinho a abarrotar, precisamente com os produtos que referes.
    Risos de alguns e eu que não sou para brincadeiras disse:
    - Este pintor é preconceituoso!
    - Porquê? - perguntou o professor que é um jovem, comparado comigo.
    - Por que razão não "retratou" um homem obeso? Aliás é preconceituoso duplamente porque parte do princípio que as mulheres é que devem fazer as compras!
    Ele não gostou da minha observação! :-))

    Abraço

    ResponderEliminar
  7. provavelmente também é isso, Cris, a dopamina...

    ResponderEliminar
  8. também penso que sim, Maria.

    o "tempo" e o "tempo" a isso obriga...

    ResponderEliminar
  9. tens razão, então se for numa grande superficie, Lúcia...

    ResponderEliminar
  10. pois é, mas passamos a vidinha a falar de fora, a construir as nossas histórias, M. Maria Maio...

    ResponderEliminar
  11. há as duas coisas, os dois "tempos" de que já falei, Maré.

    é complicado. e os miúdos se pudessem comiam "plástico" todos os dias... são raros os que não "detestam sopa"...

    ResponderEliminar
  12. fizeste muito bem, Rosa.

    e ele devia mais ter "fair-play"...

    ResponderEliminar
  13. Quando vejo um senhor ou uma senhora “dotado(a)” de excesso de peso a comer um gelado ou com um grande pedaço de bolo à sua frente... também me passam uns pensamentos aqui pela minha mente que em nada me dignificam. Tento apaziguá-los (os pensamentos e não só...) fazendo a mesma coisa ou por vezes com uma ligeira alteração na escolha: iogurte congelado... fat free!!!!!! : )
    Ainda não tive tempo de fazer uma pesquisa sobre Botero. Por que razão pinta ele pessoas rechonchudinhas?! : )

    ResponderEliminar
  14. aconselho então o filme "Gula"

    ResponderEliminar
  15. Ai, te entendo, o problema não está no corpo, mas na ignorância!

    ResponderEliminar
  16. somos assim, Catarina...

    Botero deve gostar de larguezas.

    ResponderEliminar
  17. e na nossa cabecinha, Inês...

    ResponderEliminar