E devia mesmo...
Há sempre desculpas para explicar esta "fuga". Eu então tenho pelo menos três, que uso com frequência: ter dois filhos pequenos (que já começam a não ser tão pequenos quanto isso, pelo que esta desculpa tende a esgotar-se...); defender que o teatro deve ser uma arte de diversão e não um espectáculo demasiado intelectual, que não abane os nossos sentidos; e por último, achar que é demasiado caro, para ser frequentado como devia por quem vive sem grandes larguezas;
Mas se pensar bem no assunto, acho que nem sempre tenho a disponibilidade mental que o Teatro precisa e merece. É por isso que não me ficou muito das últimas peças que vi.
Tenho cada vez mais consciência de que não sou muito diferente do cidadão comum. Também eu quero e preciso de me distrair desta vida, que tem uma grande tendência a tornar-se demasiado séria e dramática.
Ao dizer estas coisas, estou longe de desculpar os encenadores, que preferem trabalhar para o seu "umbigo" e para as minorias (que não são menos, devido à distribuição generosa de convites...) com ar intelectual, que ocupam as primeiras filas das salas.
Uma vez entrevistei um actor, que já depois da entrevista, me confessou que aquilo que mais o inquietava, era ver quase sempre as mesmas caras na plateia. Ele próprio sentia algum sentimento de culpa por perceber que não se fazia um esforço para conquistar novos públicos para o teatro...
Mas a vida está longe de ser uma coisa simples.
Por exemplo, hoje, que é o Dia Mundial do Teatro, vou para fora devido a compromissos familiares e não posso assistir ao colóquio que irá acontecer ao fim da tarde, no Teatro de Almada, sobre Morais e Castro, nem à peça, "O Fazedor de Teatro", que é exibida à noite.
Por acaso assisti à peça, quando esteve em exibição, ainda no velho teatro de Almada, num quase monólogo, deste grande actor (em tamanho e talento)...
Escolhi um quadro de Magritte, porque também ele, é tão teatral...
pois é.
ResponderEliminarpor estes lados não é muito diferente. aquela ideia que há lugares onde a vida passa mais devagar e há tempo para tudo, esfuma-se a passos largos. por diversas razões, muitas e muitas.
um aplauso a tantos que foram e continuam a ser ARTE em palco.
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a última vez que fui ao teatro foi no bairro alto, uma peça interessante a três vozes, muito bem conseguida. é bom ir ao teatro, vem-se sempre mais rico para casa :) beijinhos, luís*
ResponderEliminareu penso que ainda há lugares assim, Maré, mas se calhar estou enganado mesmo...
ResponderEliminarsim, desde que tenhamos "espírito" para a coisa, Alice.
ResponderEliminaro teatro é exigente, não é arte para desatentos...