terça-feira, fevereiro 16, 2010

O Café Quase Vazio...

Vou ao café, nas manhãs de domingo e feriados, para conversar, de tudo o que aparece na mesa.

Raramente acontece o que sucedeu hoje, ficar sozinho na mesa, à espera que apareça alguém...
Felizmente, nós somos bons a tirar vantagens de quase tudo.
Quando estou sozinho e tenho o tempo todo por minha conta, é quando olho à minha volta com mais atenção e encho mais "guardanapos" de papel (quase de bíblia...) de palavras...
Foi assim hoje. Levei para casa sete guardanapos carregados de palavras, alguns com personagens novas que me apareceram do nada, como a cigana que nunca achou piada ao uso de roupa interior, que só foi obrigada a usar, depois do casamento. Nunca se habituou ao "sufoco" do "sutiãn"... ou a senhora com idade para ser minha avó que confessou: «gostava de ter tido muitos homens, mas a vida nem sempre é como a gente quer...»
Pois não...

18 comentários:

  1. Gosto da aparente simplicidade deste olhar. Gostaria de ler esses guardanapos.

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  2. é verdade Luís,temos um "olhar" mais fluente (ou menos condicionado, favorecido pela ausência da proximidade dos outros)que chega sorrateiro e nos faz divagar sobre tudo.
    mas, SETE?! :) ... e desse calibre?
    e eu sorrio com as potencialidades dessas personagens que vão surgindo com o aroma do café.

    _____

    beijos para ti

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  3. partilhamos então um hábito comum :) também gosto de encher os guardanapos de palavras, sobretudo pensamentos avulsos que mais tarde rasgo ou guardo, conforme o gosto. um beijinho e um café, luís*

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  4. Agora fico a aguardar a transferência do conteúdo dos guardanapos para o blogue! : )

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  5. Tenho que retomar o hábito de ir ao café...
    É capaz de ser salutar! :-))
    Mas não tenho esses teus hábitos!
    Não tenho nada de criativa... :-(


    Abraço

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  6. que texto! na sua simplicidade está fabuloso. e não é que eu tb escrevo nos guardanapos!

    parabéns!

    beij

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  7. Não era por acaso que Pessoa escrevia no Café...
    Um abraço, Luís.

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  8. mas muitas das coisas que escrevo, acabam por ficar perdidas nos ditos papeis, Helena.

    há coisas que achamos graça quando as escrevemos, mas no dia seguinte...

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  9. nem tudo o que escrevi são histórias, Maré.

    há também desabafos.

    já imaginaste alguém te pedir ajuda em alguma coisa, tu ajudares dentro do possível, e essa pessoa ainda se armar em mal agradecida?

    também escrevi sobre isso...

    embora seja cada vez mais o prato do dia.

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  10. é isso mesmo, Alice. escrevemos o que nos apetece, depois logo se vê o destino final dos papeis...

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  11. um dos conteúdos foi parar ao meu "casario", Catarina, o "tarzan do café", tudo veridicto...

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  12. depende do café, Rosa.

    e claro que és criativa, nota-se no teu blogue.

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  13. e como eu gosto de escrever naqueles papeis quase transparentes, Piedade...

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  14. dizem que nada é por acaso, Graça...

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  15. deixo_te com um poema de um dos meus escritores preferidos. achei apropriado.

    Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada
    no café, em frente da chávena do café, enquanto
    alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
    poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
    rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
    terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
    a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
    que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
    fique estragada para sempre quando este poema atravessar
    o atlântico para desembarcar no rio de Janeiro. E isto tudo
    sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
    de escrever sobre a moça do café, para
    evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
    uma palavra que já me está a pôr com dores
    de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
    era escrever um poema sobre a rapariga
    do café. A solução, então, e mudar de café, e limitar-me a
    escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma rapariga se
    pode sentar à mesa porque só servem cafés ao balcão.



    de nuno júdice

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  16. Quantas vezes esses guardanapos com palavras soltas são marcos na vida dessas pessoas,e descobrimos que "a vida nem sempre é como a gente quer..."
    Frases simples como esta que nos faz meditar o que a vida é para nós ou no que a transformamos
    beijitos

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  17. sim, é apropriado e bonito, Ivone.

    brigado.

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  18. e das nossas vidas, Multiolhares.

    o estarmos sós, também é um convite à introspecção...

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