Vou ao café, nas manhãs de domingo e feriados, para conversar, de tudo o que aparece na mesa.
Raramente acontece o que sucedeu hoje, ficar sozinho na mesa, à espera que apareça alguém...
Felizmente, nós somos bons a tirar vantagens de quase tudo.
Quando estou sozinho e tenho o tempo todo por minha conta, é quando olho à minha volta com mais atenção e encho mais "guardanapos" de papel (quase de bíblia...) de palavras...
Foi assim hoje. Levei para casa sete guardanapos carregados de palavras, alguns com personagens novas que me apareceram do nada, como a cigana que nunca achou piada ao uso de roupa interior, que só foi obrigada a usar, depois do casamento. Nunca se habituou ao "sufoco" do "sutiãn"... ou a senhora com idade para ser minha avó que confessou: «gostava de ter tido muitos homens, mas a vida nem sempre é como a gente quer...»
Pois não...
Gosto da aparente simplicidade deste olhar. Gostaria de ler esses guardanapos.
ResponderEliminaré verdade Luís,temos um "olhar" mais fluente (ou menos condicionado, favorecido pela ausência da proximidade dos outros)que chega sorrateiro e nos faz divagar sobre tudo.
ResponderEliminarmas, SETE?! :) ... e desse calibre?
e eu sorrio com as potencialidades dessas personagens que vão surgindo com o aroma do café.
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beijos para ti
partilhamos então um hábito comum :) também gosto de encher os guardanapos de palavras, sobretudo pensamentos avulsos que mais tarde rasgo ou guardo, conforme o gosto. um beijinho e um café, luís*
ResponderEliminarAgora fico a aguardar a transferência do conteúdo dos guardanapos para o blogue! : )
ResponderEliminarTenho que retomar o hábito de ir ao café...
ResponderEliminarÉ capaz de ser salutar! :-))
Mas não tenho esses teus hábitos!
Não tenho nada de criativa... :-(
Abraço
que texto! na sua simplicidade está fabuloso. e não é que eu tb escrevo nos guardanapos!
ResponderEliminarparabéns!
beij
Não era por acaso que Pessoa escrevia no Café...
ResponderEliminarUm abraço, Luís.
mas muitas das coisas que escrevo, acabam por ficar perdidas nos ditos papeis, Helena.
ResponderEliminarhá coisas que achamos graça quando as escrevemos, mas no dia seguinte...
nem tudo o que escrevi são histórias, Maré.
ResponderEliminarhá também desabafos.
já imaginaste alguém te pedir ajuda em alguma coisa, tu ajudares dentro do possível, e essa pessoa ainda se armar em mal agradecida?
também escrevi sobre isso...
embora seja cada vez mais o prato do dia.
é isso mesmo, Alice. escrevemos o que nos apetece, depois logo se vê o destino final dos papeis...
ResponderEliminarum dos conteúdos foi parar ao meu "casario", Catarina, o "tarzan do café", tudo veridicto...
ResponderEliminardepende do café, Rosa.
ResponderEliminare claro que és criativa, nota-se no teu blogue.
e como eu gosto de escrever naqueles papeis quase transparentes, Piedade...
ResponderEliminardizem que nada é por acaso, Graça...
ResponderEliminardeixo_te com um poema de um dos meus escritores preferidos. achei apropriado.
ResponderEliminarEscrevo um poema sobre a rapariga que está sentada
no café, em frente da chávena do café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar
o atlântico para desembarcar no rio de Janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga
do café. A solução, então, e mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma rapariga se
pode sentar à mesa porque só servem cafés ao balcão.
de nuno júdice
Quantas vezes esses guardanapos com palavras soltas são marcos na vida dessas pessoas,e descobrimos que "a vida nem sempre é como a gente quer..."
ResponderEliminarFrases simples como esta que nos faz meditar o que a vida é para nós ou no que a transformamos
beijitos
sim, é apropriado e bonito, Ivone.
ResponderEliminarbrigado.
e das nossas vidas, Multiolhares.
ResponderEliminaro estarmos sós, também é um convite à introspecção...