«Às vezes penso que nenhum de nós conseguiu ser feliz.
Perdemos o brilho dos olhos, lá, e sei lá que mais.
Só muitos anos depois de ter voltado, já com cabelos brancos e com os teus primos grandes, é que consegui chorar a ver um filme.
Acho que passamos tempo demais a fugir das emoções. Temos medo de fraquejar, como se as lágrimas fossem a arma dos fracos. Mas é tudo mentira, as lágrimas libertam-nos de tantas coisas.»
Nota: O meu tio um dia resolveu falar-me da guerra, depois de eu o ter questionado várias vezes sobre alguns pormenores e receber sempre respostas evasivas.
Seleccionei algumas das coisas que me disse, que coloquei aqui, sem saber muito bem porquê.
Sei que são poucas as pessoas que falam dos momentos que viveram a combater os inimigos, falam apenas da copofonia das cidades, do clima, das mulatinhas e pouco mais. É compreensível, nenhum de nós gosta de falar de coisas sobre as quais não sente qualquer orgulho. Acho que quem viveu a guerra com alguma intensidade, não fala nisso porque sente que deixou por lá um pedaço da alma, regressou sem a capacidade de sorrir e viver, que tinha antes...
E nem vale a pena falar dos pesadelos...
também já falei com alguns que regressaram e embora muitos falem de memórias dolorosas, ouvi-os falar de um continente maravilhoso onde o sol e os cheiros eram únicos, de caçadas e fartura de muito mais...
ResponderEliminarsabe sempre melhor avivar as melhores recordações, Maré...
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