segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Diário do Meu Tio (dois)

«Sentir-me culpado? Na altura não. Hoje sim. Mas é impossível alterar o passado...

Sermos muito novos e pouco politizados era uma desvantagem para nós e uma vantagem para os nossos comandantes. Qualquer lavagem ao cérebro fazia com que sentíssemos que nós éramos os bons e os pretos os maus.
Nem sequer me lembro de alguma vez me questionar que aquela terra era deles.
Até isso era compreensível, se passeasses por qualquer cidade moderna, eram os brancos que mandavam e eram donos de tudo.»

4 comentários:

  1. e sabes Luís?
    um dia destes, ao dissertar sobre os acontecimentos da década de 60 e nas minorias que existiam na altura, reparei no paradoxo. uma minoria de brancos, era senhora dos destinos de uma maioria, explorava-lhes a terra e pouco mais fazia por esse povo.

    tudo poderia ter sido tão diferente...

    ______

    um beijo para ti.

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  2. é verdade, Maré...

    e fingia-se que era tudo normal...

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  3. Eu poderia ser esse seu Tio , mas nunca me senti culpado nem na altura nem agora . Pelo contrário senti-me usado ,explorado e nunca reconhecido , pois a marcas cá estão bem vincadas , nuns visiveis e noutros invisiveis ...

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  4. claro que este culpado, H. B., tem várias interpretações. ele sabe que não foi culpado de nada, apenas cumpriu ordens. a culpa que sente foi de nunca ter barafustado, nunca ter questionado. embora nessa altura não passasse de um jobem provinviano, com tão pouco mundo...

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