A viagem de automóvel é a que menos nos permite olhar o que nos rodeia, mesmo que não sejamos nós o condutor. Há sempre uma atenção, quase enervante, que nos fixa à estrada, aos carros que nos perseguem, aos que ultrapassamos, e também aos acompanhantes...
Não há transporte que tenha uma janela tão expressiva e forte como o comboio. Apesar de ser raro apanhar uma carruagem que percorre as linhas de ferro, sei que ao olhar a paisagem, descubro tudo mais vivo, mais brutal, mais sensitivo.
Claro que também somos distraídos pelo interior da carruagem, especialmente pelas "tribos" que têm vivido mais em liberdade, que ainda não estão tão agrilhoados pelas regras da sociedade. Os ciganos e os negros em grupo falam mais alto, cantam, batem os pés, etc. Na última viagem que fiz, sorri, dividido, a pensar se eles pensavam que sabiam cantar, ou se apenas gostavam de cantar...
Voltando à janela "mágica" do comboio, descobrimos sempre coisas novas, mesmo em viagens que fazemos com alguma regularidade. Claro que não falo da suburbanidade, quase igual em toda a chamada cintura industrial (que já era...) de Lisboa, feia e inestética. Falo nas áreas onde é possível perder o olhar numa linha do horizonte menos perceptível que a do Oceano...
Gosto muito de andar de comboio!!! Talvez porque não utilize este meio de transporte no dia a dia, quando o faço, faço-o com prazer. Gosto de observar as pessoas, a paisagem e tento decifrar o graffiti nas estações. Indecifrável para mim. E as histórias que se ouvem.. quer seja entre dois passageiros na nossa frente ou entre um passageiro e alguém no outro lado do telemóvel! Não me apercebi desse falar alto, cantarolar... hmm... talvez a minha àrea de veraneio seja mais calminha! : )
ResponderEliminarem comunhão perfeita contigo Luis, apesar da agora bem limitada utilização deste transporte.
ResponderEliminare tenho saudades dos motivos
e do tempo desse olhar sobre outra paisagem.
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beijos para ti Luís
Que histórias magníficas se escrevem em comboios...
ResponderEliminartambém tenho um grande fascínio por comboios :) beijinhos, luís*
ResponderEliminarhá viagens e viagens, Catarina.
ResponderEliminarmas que é o melhor transporte do mundo, não tenho dúvidas...
eu também, Maré.
ResponderEliminare gostava ainda mais quando havia as carruagens de compartimentos e podiamos andar pelos corredores fora, abrir as janelas e sentir o vento no rosto...
pois foi, Laura, e esqueci-me das histórias que se escrevem nos comboios, escrevi muitas...
ResponderEliminare também li muitos livros...
um fascínio que vem desde a infãncia, quando parecia que era a terra que fugia e não o comboio, Alice...
ResponderEliminarComo se contam pelos dedos as vezes que andei de comboio tenho essa visibilidade quando vou a Lisboa de Expresso.
ResponderEliminarSó que já conheço a paisagem de cor, embora ela vá mudando consoante as estações...tal como no comboio! :-))
Abraço
mas é tão diferente, Rosa.
ResponderEliminarpor exemplo, ler num autocarro, faz-me doer a cabeça, e eu nem sou de ter "enxaquecas"...