Visitei a Ilha da Madeira apenas uma vez, há quase dezoito anos.
Nessa altura ainda não existiam os túneis e as vias rápidas da actualidade.
Tive a oportunidade de dar a volta a Ilha em roteiros turísticos para ingleses, viajando pelas estradas estreitas e sinuosas de então, tão próximas do abismo. No alto das janelas do autocarro, o mar e as rochas eram logo ali, do outro lado, nada que incomodasse os condutores, claro...
Nessa época não me lembro de ter ficado assustado, nem de pensar muito nisso. Uma das vantagens da juventude é essa, vivemos naturalmente sem a presença do "perigo" na nossa cabeça...
Mas a ilha era mesmo assim, cheia de altos e baixos, de quedas de água que vinham do alto das montanhas, era isto também que lhe transmitia uma beleza única.
Não era muito viajado, mas nunca tinha visto tantas casas plantadas nos sopés da montanha, num equilíbrio quase estranho, o que me levava a questionar a minha companheira de viagem, «como é que as pessoas vão para aquelas casas?» Pareciam completamente inacessíveis. Lembro-me de ela aproveitar a poesia da coisa, falando da sensação de abrir a janela e encontrar o mar, apenas o mar, pela frente, como se a casa flutuasse no espaço...
Depois descobrimos povoações quase escondidas, em pequenos vales, que também faziam com que trocássemos olhares, com a mesma pergunta: « como é que se vai para ali para baixo?»
Pensei que a beleza da coisa, era viver nesses lugares, aproveitando o melhor que a natureza lhes oferecia. E claro, quem nasceu por ali, encarava com normalidade, o cerco que lhes era movido pelas montanhas e pelo mar...
Fiquei com a sensação que a própria natureza os protegia e abraçava.
Até um dia...
A fotografia foi tirada por mim, numa das excursões pela Ilha, depois de termos passado por baixo de uma queda de água e de um pequeno túnel, numa das tais estradas estreitas, tão próximas do abismo...
Andámos por lá na mesma altura e tb andei por esses percursos. A fotografia é da cascata chamada o véu da noiva se não me falha a memória.
ResponderEliminarHoje questiono-me de outra maneira.
Pelos vistos andámos ao mesmo tempo, os três.
ResponderEliminarComo sou um pouco mais antiga, Luís, eu assustei-me, ao princípio, com a velocidade a que os autocarros andavam naquelas estradas estreitas e sinuosas. E de até onde fui lá em cima, no Cabo Girão (creio que é este o nome). E do passeio na mãe de água - que foi tão atingida agora.
Hei-de voltar lá. Um dia.
Beijinho, Luís
A Natureza resolveu zangar-se. A orografia da Madeira não pôde impedi-lo... E as coisas ficaram todas "tão próximas do abismo..."
ResponderEliminarUm abraço, Luís.
estive uma única vez na madeira, por altura da passagem de ano, há dois anos atrás. fui na companhia dos meus pais, irmã e avó, que na altura tinha 89 anos e viajou com imensa alegria. tenho as melhores lembranças dessa viagem. o clima estupendo em dezembro, a deliciosa gastronomia e as paisagens que me deixavam estupefacta. os jardins são de facto muito especiais na madeira. esta tragédia é realmente muito triste... um beijinho, luís*
ResponderEliminarsim, Helena, aliás, a ilha tinha vários "véus de noiva"...
ResponderEliminaré, Maria, o Cabo Girão (estive indeciso, em colocar ou não uma foto desse local lindo)...
ResponderEliminare também não falei das crianças que pediam, profissionalmente, em vários lugares cheios de turistas, como nesse magnifico miradouro...
ficaram mesmo, Graça...
ResponderEliminaré isso mesmo, Alice.
ResponderEliminaro clima agradável, que nos faz pensar que é Primavera o ano inteiro...
e a gastronomia local excelente.
e claro, toda aquela beleza natural, o mar, a serra, as flores...
também só estive lá uma vez. há quase três anos. fui em trabalho, ainda assim deu para conhecer uma grande parte da ilha fora da zona mais litoral.
ResponderEliminaré de facto uma belíssima ilha e imagino o quanto deve ser doloroso ver a terra onde se vive a engolir-se.
mas é preciso continuar.
_______
é verdade, deve ser tão estranho, vermos tudo a desabar à nossa volta, Maré...
ResponderEliminarfaz-nos sentir ainda mais pequenos.
o AJJ aparentemente está mais pequenino...
Estive na Madeira por duas vezes.
ResponderEliminarDa 1ª vez dividi o tempo com o Porto Santo, a não perder... da 2ª fiquei uma semana inteirinha no Funchal e fui uma turista daquelas que os hotéis levam a todo o lado, incluindo o Curral das Freiras e o Pico do Arieiro...
Nas duas visitas já se notava o excesso de betão e de alcatrão, necessários para a comodidade das populações mas sem as pôr em risco como aconteceu.
A última visita foi em 2007 ou talvez 2008, tirei muitas fotografias mas não sou capaz de dar com o ficheiro das ditas.
Claro que o Véu da Noiva também faz parte da coleccção...
Espero que a reconstrução das zonas afectadas seja bem planeada!
Abraço
também espero, Rosa, embora não sejamos bons a aprender com os erros...
ResponderEliminar