Na terça, dia dos "guardanapos", também escrevi sobre um pedinte "avençado", que nunca me tinha pedido um tostão, até hoje, na paragem do eléctrico...
Há anos que nos cruzamos, nunca lhe achei muita piada como pedinte, embora perceba que é preciso lata para andar por aí, anos e anos, de mão estendida. Ele deve ter percebido, por isso nunca me pediu uma moeda, enquanto deslizava rente às mesas de café.
Entre os seus vários "patrões" fixos, contava-se o Carlos, que lá lhe ia dando uma espécie de mesada, sem no entanto admitir abusos. Ainda me lembro de ele lhe dizer: «tenha paciência, mas hoje não é domingo.» Notava-se que havia por ali um parafuso a menos na "caixa dos pirolitos" e esperteza a mais naquela arte de pedinchar. Digo isto porque houve mais vezes que tentou um "adiantamento", o Carlos é que não ia na conversa...
Mas hoje arrependi-me de não lhe ter dado uma moeda. O homem que já deve ter ultrapassado os sessenta anos, devia estar mesmo necessitado de uma esmola, para me esticar a mão pela primeira vez. Fiquei surpreso por o encontrar ali. Apenas abanei a cabeça e ele seguiu sem parar, provavelmente por causa do frio...
A fotografia é de Alfredo Cunha.
Há momentos muitos frios mesmo, e de frieza...
ResponderEliminarBjs. Luís M.
há, sem dúvida, e de surpresa, M. Maria Maio.
ResponderEliminarSão momentos um pouco constrangedores quando os pedintes se aproximam e fazemos que não nos apercebemos. Nunca se sabe exactamente quem necessita. Olhamos para estas pessoas que nos parecem (algumas) aparentemente saudáveis e interrogamo-nos qual a razão por que se sujeitam a este tipo de vida ...de humilhação..Nunca se sabe que utilização darão ao dinheiro. Antes ouvia-se: Vai já gastá-lo na aguardente ou no vinho; mais tarde: droga; e agora já nem sei , provavelmente uma combinação das duas coisas... e talvez não.. Incomoda-me essencialmente quando estamos numa esplanada/café ou num restaurante de bairro, onde por vezes conseguem entrar sem os donos se aperceberem. Este verão aconteceu estar na esplanada da Brasileira em Lisboa. Apareceu uma senhora ainda jovem a pedir... mas muito insistente quando as pessoas diziam que não. Nenhum empregado lhe disse nada e ela continuou a ir de mesa em mesa. Achei uma situação muito incómoda... talvez por falta de hábito meu neste tipo de ambiente ... Para alguns talvez seja um “modo de vida”, o “único ganha pão” a que se habituaram como esse senhor a que o Luís se refere. Quando vejo um mendigo recordo-me sempre deste caso em que uma senhora dos 50 e poucos anos costumava ir sempre para o mesmo local mendigar. Não sei por que razão a polícia andava desconfiada. Um dia seguiram-na. Viram-na entrar num bom carro e acabaram por entrar na sua casa onde verificaram que esta senhora vivia com um certo conforto. Como é que se costuma dizer? “Pagam os justos pelos pecadores”?!
ResponderEliminarpois são, Catarina.
ResponderEliminare claro que a vida deles se tornou muito mais dificil, com a "vaga" de pedintes profissionais que andam por aí, fomos perdendo o hábito de dar moedas, até mesmo aos cegos, que sempre achei mais necessitados de apoio, que os pedintes apenas porque sim...
concordo com a Catarina.
ResponderEliminaré muito difícil distinguir o trigo do joio. e se não conheço vou pelo coração.que também me sujeita a respostas desconcertantes...
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beijos Luís
sem dúvida, Maré.
ResponderEliminarrespostas e gestos...