Almoçávamos divertidos porque, como sempre, o Manel fala mais do come. Lá mais para o fim da nossa refeição, sabemos que ele ainda vai estar com o prato quase cheio. É sempre assim.
Nada que o incomode. Ele aparece por ali, sempre que pode, sobretudo para conversar, saber coisas e contar ainda mais coisas.
Não sei porquê, mas enquanto o escutava, deliciado, a contar as suas melhores aventuras como taxista lisboeta, via-o quase como uma personagem de filme do Fernando (Lopes), sobre a Lisboa que mais amava.
Depois quando regressei ao trabalho, deparei-me com um texto delicioso escrito pelo Jorge Silva Melo, sobre "Belarmino" (escrito há quase 25 anos no "Público")... Transcrevo apenas meio parágrafo: «O que é belo, fraternalmente belo, neste filme seco e terno, cru e franco, é que ele é vadio. Não há aqui um sistema (sociológico, dramático, político, estético, narrativo...), não há um "universo" para encarcerar uma personagem (apesar das grades finais), Lopes vai filmando - no gerúndio.»
Sim, o Manel tem qualquer coisa de diferente, que tenho quase a certeza que cabe dentro da câmara de um realizador como o Fernando...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Imaginando o Manel falando mais do que comendo e o Luís comendo e ouvindo!
ResponderEliminarAbraço
Foi mais ou menos isso, sim, Rosa. :)
EliminarImagino que um filme, tal como uma narrativa, feita no gerúndio, nunca está terminada! :)
ResponderEliminarA história do pugilista português, foi-se construindo, mas teve um final, feliz...?
O Manel fez-me lembrar um pouco eu, em almoços passados, perdia-me a tagarelar, já todos tinham acabado de comer e eu ainda ia nas entradas...
Já percebi que a Janita não viu o "Belarmino", é um filme-documentário, que não tem de ter um fim, como uma história normal. Mas é um grande filme (para mim claro).
EliminarO Manel é como todas as pessoas que gostam mais de conversar que de almoçar. :)