Podia continuar a falar do Paulo Gonçalves, pelo seu exemplo como desportista, que parava sempre para auxiliar alguém que estivesse com problemas, e que foi realçado por todos os seus companheiros e até rivais, nas competições de todo o terreno, para falar da bondade humana, que por vezes parece estar em extinção.
Mas vou relatar um episódio, aparentemente banal, que me aconteceu ontem, depois do almoço.
Vinha com dois amigos e um senhor de idade, bem composto, vem direito a mim e efusivamente estende-me a mão, com um boa-tarde. Retribuo o cumprimento sem a menor ideia de quem era o sujeito. Segundos depois percebi de onde é que não o conhecia, quando ele me estendeu a mão novamente, agora noutra posição, a pedir uma moeda. Comecei a sorrir com a lata do homem, ao mesmo tempo que lhe disse que não tinha qualquer moeda no bolso (tinha gasto as últimas no café...). Mas os meus dois amigos, atentos e bons samaritanos, deram-lhe cada um deles um euro.
Penso que mesmo que tivesse uma moeda no bolso, não a dava ao "pedinte", por achar toda aquela encenação (digna de ser filmada) no mínimo pouco séria, retirada de qualquer manual da "chico-espertice".
Acabámos por falar sobre aquele episódio nos metros seguintes. Um dos meus companheiros até nos sugeriu (pela boa compostura do senhor), que o homem podia nem ter qualquer necessidade de pedir, provavelmente tinha qualquer problema mental. Mas nenhum deles teve uma atitude crítica em relação aquele gesto. Nada que me causasse admiração, porque estes meus dois amigos são gente boa, daquela que começa a destoar com estes tempos...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Por acaso também tenho notado isso aqui para os meus lados! Os pedintes andam mais atrevidos e até parece que andam a desenvolver algumas estratégias de comunicação de "Como pedir com êxito"!
ResponderEliminarA concorrência leva à sofisticação, Micaela.:)
EliminarÉ malta que farta-se de aprender coisas que não vêm nos livros.