Uma senhora caiu no chão, na passadeira, a pouco mais de um metro de mim. Ajudei-a a levantar-se e depois de vermos que estava tudo mais ou menos bem, culpámos a estrada de calçada, desnivelada, tal como quase todos os passeios de Almada.
A meu lado apareceu um amigo de um amigo, que já não via há uns tempos. Uns metros mais à frente brincou com a situação e disse-me que devia ajudar a levantar raparigas mais novas e deixar as senhoras para ele.
Sem deixar de sorrir, disse-me, a meio da conversa: «Dançar bem era um bom atributo na minha juventude. Facilitava bastante o contacto com as raparigas nos bailes.»
E depois questionou-me, se sabia o que dava bastante jeito aos homens de agora.
Disse-lhe que não fazia ideia.
Disse-lhe que não fazia ideia.
Foi quando ele se saiu com uma daquelas frases, que no mínimo nos deixam a pensar, mesmo que tenha mais pés que cabeça:
«Hoje um bom atributo masculino é mentir. Mas mentir à grande e à francesa. As mulheres sempre gostaram que lhes contássemos mentiras. Sabem que tudo o que tenha o "selo da verdade" é uma chatice.»
E entretanto estávamos na esquina a despedir-nos, sem tempo para contraditórios...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
As mulheres gostam da transfiguração do real, é o seu lado de feiticeiras que as leva a isso, mesmo sabendo que não é verdade!
ResponderEliminarDe facto, o real é uma chatice! :)
Abraço verdadeiro
Sim, o real é uma chatice, Rosa. :)
EliminarMas este senhor é um provocador. A verdade que eu encontro nas suas palavras, é por vezes a vontade das mulheres de serem amadas, é tão grande, que deixam-se cair com facilidade (mesmo sabendo ao que vão) na "cantiga do bandido". :)
Se me permite: uma conversa sem pés nem cabeça, essa do seu 'amigo'.
ResponderEliminarSe uma mulher tem o azar de cair na calçada, quem passa tem o dever cívico e humano de a ajudar a levantar-se, seja jovem ou 'entradota'. Seja homem ou mulher, vá!
Ai, que palermas são alguns homens e que mal conhecem as mulheres...
Foi por isso que coloquei esta conversa aqui, Janita.
EliminarTambém senti algum desconforto pelas suas palavras, mas há pessoas que a partir de certa idade, acham que podem dizer tudo o que lhes vem à cabeça.
O resto quase que me pareceu "filosofia de camionista". :)
Essas mentiras contamo-las nós a nós mesmos, na idealização que fazemos dos dois.
ResponderEliminarDe vez em quando há tropeços e ninguém para nos levantar.
Mas que vida se vive sem tais fingimentos?
Sim, é verdade, José, que vida se vive sem fingimentos?
EliminarFingir também é viver.
Mas a queda não teve nada de fingimento e a senhora deve andar o resto da semana aflita do joelho.
Sobre o atributo mentir em masculino, encontrei esta passagem pícara, algures (contra o meu feitio, nem apontei aonde a fui apanhar). Não sei se vem a propósito, Luís...
ResponderEliminar"Uma senhora vaidosa pergunta a um senhor sincero:
- Que idade o senhor me dá?
- Bem... Pelos cabelos, dou-lhe vinte anos, pelo olhar, dezanove, pela sua pele, dezoito, e pelo seu corpo, dezassete anos!
- Como o senhor é lisonjeador!
- Nada disso, sou sincero... Agora espere que vou fazer a soma".
Pois é, Santos Costa, as mulheres adoram que lhes digamos coisa agradáveis e bonitas (aliás, gostamos todos... mas elas mais, porque se esforçam mais para agradar ao "mundo").
EliminarMulheres...MULHERES eram as Mães da nossa geração, verdadeiras heroínas que foram exploradas por tudo e por todos, essas é que mereciam uma estátua.
ResponderEliminarMulheres actuais: UNHAS DE GEL!
Sim, as nossas mães foram heroínas, pelo que suportaram, Severino.
EliminarMas são as mulheres de hoje que mais lutam pela igualdade.