terça-feira, novembro 05, 2019

Uma Queda e um "Filósofo"...


Uma senhora caiu no chão, na passadeira, a pouco mais de um metro de mim. Ajudei-a a levantar-se e depois de vermos que estava tudo mais ou menos bem, culpámos a estrada de calçada, desnivelada, tal como quase todos os passeios de Almada.

A meu lado apareceu um amigo de um amigo, que já não via há uns tempos. Uns metros mais à frente brincou com a situação e disse-me que devia ajudar a levantar raparigas mais novas e deixar as senhoras para ele.

Sem deixar de sorrir, disse-me, a meio da conversa: «Dançar bem era um bom atributo na minha juventude. Facilitava bastante o contacto com as raparigas nos bailes.»

E depois questionou-me, se sabia o que dava bastante jeito aos homens de agora. 

Disse-lhe que não fazia ideia.

Foi quando ele se saiu com uma daquelas frases, que no mínimo nos deixam a pensar, mesmo que tenha mais pés que cabeça:

«Hoje um bom atributo masculino é mentir. Mas mentir à grande e à francesa. As mulheres sempre gostaram que lhes contássemos mentiras. Sabem que tudo o que tenha o "selo da verdade" é uma chatice.»

E entretanto estávamos na esquina a despedir-nos, sem tempo para contraditórios...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

10 comentários:

  1. As mulheres gostam da transfiguração do real, é o seu lado de feiticeiras que as leva a isso, mesmo sabendo que não é verdade!
    De facto, o real é uma chatice! :)

    Abraço verdadeiro

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    1. Sim, o real é uma chatice, Rosa. :)

      Mas este senhor é um provocador. A verdade que eu encontro nas suas palavras, é por vezes a vontade das mulheres de serem amadas, é tão grande, que deixam-se cair com facilidade (mesmo sabendo ao que vão) na "cantiga do bandido". :)

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  2. Se me permite: uma conversa sem pés nem cabeça, essa do seu 'amigo'.

    Se uma mulher tem o azar de cair na calçada, quem passa tem o dever cívico e humano de a ajudar a levantar-se, seja jovem ou 'entradota'. Seja homem ou mulher, vá!
    Ai, que palermas são alguns homens e que mal conhecem as mulheres...

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    1. Foi por isso que coloquei esta conversa aqui, Janita.

      Também senti algum desconforto pelas suas palavras, mas há pessoas que a partir de certa idade, acham que podem dizer tudo o que lhes vem à cabeça.

      O resto quase que me pareceu "filosofia de camionista". :)

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  3. Essas mentiras contamo-las nós a nós mesmos, na idealização que fazemos dos dois.
    De vez em quando há tropeços e ninguém para nos levantar.
    Mas que vida se vive sem tais fingimentos?

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    1. Sim, é verdade, José, que vida se vive sem fingimentos?

      Fingir também é viver.

      Mas a queda não teve nada de fingimento e a senhora deve andar o resto da semana aflita do joelho.

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  4. Sobre o atributo mentir em masculino, encontrei esta passagem pícara, algures (contra o meu feitio, nem apontei aonde a fui apanhar). Não sei se vem a propósito, Luís...

    "Uma senhora vaidosa pergunta a um senhor sincero:
    - Que idade o senhor me dá?
    - Bem... Pelos cabelos, dou-lhe vinte anos, pelo olhar, dezanove, pela sua pele, dezoito, e pelo seu corpo, dezassete anos!
    - Como o senhor é lisonjeador!
    - Nada disso, sou sincero... Agora espere que vou fazer a soma".

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    1. Pois é, Santos Costa, as mulheres adoram que lhes digamos coisa agradáveis e bonitas (aliás, gostamos todos... mas elas mais, porque se esforçam mais para agradar ao "mundo").

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  5. Mulheres...MULHERES eram as Mães da nossa geração, verdadeiras heroínas que foram exploradas por tudo e por todos, essas é que mereciam uma estátua.
    Mulheres actuais: UNHAS DE GEL!

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    1. Sim, as nossas mães foram heroínas, pelo que suportaram, Severino.

      Mas são as mulheres de hoje que mais lutam pela igualdade.

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