Embora Jorge de Sena não seja um dos escritores que mais aprecio, estranhei a ausência de notícias em jornais como o "Expresso" ou o "Diário de Notícias", no dia em que o professor, ensaiasta, poeta, dramaturgo e ficcionista (abordou praticamente todos os géneros literários...), fez 100 anos.
Não acredito que este "esquecimento" se deva ao facto de ter vivido exilado no Brasil e nos Estados Unidos da América (sempre gostámos do que vem de fora...).
Mas também não consigo encontrar qualquer explicação para este silêncio...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Tens razão Luís. Jorge de Sena parece não dizer nada a esses jornais. Era um autor incómodo…
ResponderEliminarEu comprei o Jornal de Letras que lhe dedicava várias páginas e continuará na próxima quarta-feira.
Uma boa semana.
Um abraço.
Pois, é um dos grandes vultos da nossa literatura, Graça.
EliminarUm escritor portentoso, chamou-lhe o José Gomes Ferreira, tendo o cuidado de dizer que nesse portentoso não havia qualquer ironia.
ResponderEliminarA obra de Jorge de Sena, em todas as suas facetas, poesia, contos, estudos literários, correspondência, romance, (o único que escreveu «Sinais de Fogo» um livro fabuloso, um projecto arrojadíssimo que não teve tempo de concluir), uma obra com um tal nível que é difícil descobrir o bom do mau.
Um escritor esquecido, certamente. Temos esta tineta de esquecer os nossos melhores, se exceptuarmos o Eusébio e a Amália Rodrigues.
É um escritor tão difícil que perco-me a lê-lo, a maior parte das vezes não encontro as portas que deveriam existir, que Sena certamente desenhou mas os acessos não são fáceis. Quando isso acontece ponho o livro de lado e volto mais tarde, acreditando que possa ter uma ponta de sorte e veja a luz.
Também um homem dificílimo, um feitio levado da breca, resultado dos tempos de exílio, da enorme família que constituiu e que tinha de sustentar. Sentiu-se sempre um perseguido, pela ditadura, pelos companheiros de arte e ofício. Muitas assim aconteceram, mas Sena também inventou muitas dessas perseguições, de tal modo que somos levados a pensar que se sentia bem a viver em tempo de fantasmas. Algo que lhe aconteceu desde a infância. Leia-se o conto «Homenagem ao Papagaio Verde» que faz parte do livro «Os Grão-Capitães». Percebemos então que tudo começou ali.
«Assim se estes contos são cruéis, a crueldade não é deles, nem de quem os escreveu, mas do que fizeram à vida. E esta só é monstruosa, não porque algo o seja em si, e sim porque o repouso egoísta, a ignorância, a falsa inocência, são feitas
de um sempre crescente juro de monstruosidade», escreveu Sena no prefácio de «Os Grão-Capitães».
Conheço alguma poesia, alguma ficção (gostei muito de "Sinais de Fogo, dos contos de "Os Grão-Capitães", menos).
EliminarAcho que a sua correspondência é fundamental para vivenciar todo o período da ditadura, assim com as relações entre escritores e poetas, Sammy.
Apesar de ter uma obra muito vasta, não o consigo ver como o José Gomes Ferreira.
Mas claro que merece ser recordado e lido.