sexta-feira, outubro 18, 2019

Rui Jordão (1952 - 2019)


Rui Jordão, antigo avançado do Benfica, Saragoça, Sporting, V. Setúbal e da Selecção Nacional e um dos melhores goleadores do futebol português, deixou-nos hoje.

Embora fosse um extraordinário futebolista, tinha uma personalidade muito peculiar, pois gostava muito de futebol, mas só dentro das quatro linhas. 

Detestava tudo o que rodeava o "desporto-rei", inclusive o "eudeusamento" que se fazia dos jogadores. Nunca se sentiu confortável no seu papel de "ídolo das multidões", por timidez e também por não aceitar as "invasões" que tentavam fazer à sua vida privada...

Foi por ele ser "diferente", que alguns dos seus antigos companheiros não estranharam, que ele assim que abandonou as quatro linhas, se afastasse completamente do futebol.

Apaixonado pelas artes plásticas tornou-se pintor, tendo feito várias exposições, mas mantendo-se distante das "luzes da ribalta". continuando avesso a entrevistas e à exposição pública (tentei entrevistá-lo para o "Record" no início da década de noventa, sem êxito...).

A escolha desta fotografia - de autor desconhecido - não é de todo inocente. Jordão foi de todos os "novos eusébios" que foram aparecendo no futebol português, aquele que foi mais bem sucedido, conseguindo fintar este estereotipo, criando uma identidade própria e um estilo singular, ficando "imortalizado" na história do futebol como Jordão, a "Gazela de Benguela".

2 comentários:

  1. Sammy, o paquete19/10/19, 12:21


    Dos mais elegantes intérpretes de futebol que vi jogar.
    22 de Março de 1972: 2ª mão da Taça dos Campeões Europeus, jogo com o Feyenoord no velho Estádio da Luz. Na primeira mão o Benfica perdera, em Roterdão, por 1-0. Aos 5 minutos de jogo já Nené empatara a eliminatória. Depois foi um festival do mesmo Nené e do companheiro Jordão. Resultado final: 5-1.
    Não mais esquecerei esta noite, não mais esquecerei o bailado coreografado que Jordão, depois de meter o quarto golo, fez, na baliza norte, ao longo da linha final em direcção à bandeirola de canto. Deslumbrante.
    Foi uma pena ter ido para o Sporting, dizem que era o seu clube de coração, mas foi um homem que dignificou todas as camisolas que envergou e a todas deu o seu melhor.
    Já não há jogadores assim!...
    Talvez um rapaz que joga no Liverpool, de seu nome Sadio Mané, aufere por semana cerca de 170 mil euros, se assemelhe.
    Esta semana disse não esquecer os tempos de pobreza durante a infância.
    «Para que quero dez Ferraris, 20 relógios com diamantes e dois aviões? O que faria isso pelo mundo? Eu passei fome, trabalhei no campo, joguei descalço e não fui à escola. Hoje posso ajudar as pessoas. Prefiro construir escolas e dar comida ou roupa às pessoas pobres.»
    Com gente desta, podemos dizer que o futebol é o maior espectáculo do mundo.

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    1. Sim, Sammy, são poucos os que se questionam e que questionam o mundo que os cerca, completamente ilusório.

      E quando o fazem são sempre considerados estranhos...

      E como jogador era dos melhores, daqueles que decidem jogos e conseguem fazer a diferença.

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