sábado, abril 02, 2016

A Ironia e o Amor...


Uma das pessoas que melhor escreve sobre o quotidiano é o jornalista Ferreira Fernandes. É um dos poucos cronistas portugueses que leio sempre, porque tem a capacidade de mesmo quando não tem assunto, escrever magistralmente sobre qualquer banalidade. 

Ele hoje escreve no "D. Notícias" sobre o amor, com a sua ironia - é uma das suas melhores armas, embora no nosso país nem toda a gente tenha aprendido o que são "figuras de estilo"...

Transcrevo a parte final da sua crónica, com a devida vénia, em que ele escreve sobre os dois casos da semana, o egípcio que desviou um avião e a inglesa que se atirou ao mar, para apanhar o paquete do seu cruzeiro: 

«Susan, continua admirável. Irei sempre vê-la, a mulher que nadou para intercetar um paquete e resgatar o seu amor. Imagino-a a nadar, no rasto do Marco Polo iluminado pela lua cheia... Inventada a sua história de amor? Não são todas, ou pelo menos as melhores? Quem só a si se expõe tem o direito de tomar um sonífero, à espera que um Montecchio a venha acordar com um beijo. Ou não.»

Só mesmo o Ferreira Fernandes é que nos colocava a pensar que o amor está cheio de razões que a própria razão desconhece. E não pensem que este quase lugar comum é coisa apenas da poesia...

(Fotografia de Luís Eme)

8 comentários:

  1. Interessante é o pedaço de crónica que partilha connosco. Como interessante é a reflexão sobre o que cada um de nós está disposto a fazer por amor.
    Um abraço e bom fim de semana

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    1. Sim, o amor é argumento para tudo, Elvira, no melhor e no pior de cada um de nós.

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  2. Luís, já tenho pensado sobre se tenho limites relativos ao que faço ou poderei fazer por amor e a resposta tem sido sempre não. Mas esta questão dos limites é bastante complexa porque eles podem mudar ao longo da vida. Talvez os meus limites de agora sejam diferentes dos que tinha aos vinte anos.
    Quando se fala de limites, normalmente questiona-se por quem estávamos dispostos a entregar a vida para salvar outra, sem qualquer margem de dúvida. Pelo meu filho, tenho a certeza.

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    1. Os limites vão mudando com os tempos, Isabel.

      E os nossos limites são diferentes dos do vizinho, e ainda bem. Até por existir gente capaz de matar por amor...

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  3. eu também gosto muito das crónicas dele e do seu sentido de humor.
    gostei muita da tua foto que penso ter sido captada no ginjal.
    gostei do texto, como sempre.
    boa semana.
    beijo
    :)

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