Hoje é o "Dia das Livrarias e dos Livreiros" (não sei porque, mas não gosto do nome que é dado às pessoas que vendem livros).
Defende-se que todas as pessoas que antigamente vendiam livros eram especialistas, conheciam as obras de cima para baixo e também de um lado para o outro, além dos escritores, os bons e os maus. Em parte era verdade, provavelmente por contactarem com muito menos livros e autores.
Quando comecei a comprar livros já morava próximo da cidade maior e visitava sobretudo a "Bertrand" do Chiado, que estava longe de ser uma livraria de província, onde até podíamos beber café com o gerente ou funcionário e saber das últimas novidades. Na "Bertrand" já experimentava a mesma sensação que senti algum tempo depois, quando apareceu a "FNAC" , a liberdade de olhar, mexer, ler, sem que alguém aparecesse e me interrompesse.
Noutras livrarias da Capital mais pequenas, recordo-me que as pessoas que vendiam livros nos olhavam de alto abaixo e raramente nos deixavam à vontade. Não sei se tinham medo que levássemos livros sem passarem pela caixa ou se era outra coisa...
Esta liberdade de movimentos que gosto de sentir, prende-se com o facto de não precisar de ajuda para comprar livros. Normalmente sei o que quero, poderei sim ter dificuldades com os títulos e socorrer-me dos funcionários e dos computadores (esses sim, sabem quase tudo sobre os livros e autores...), para descobrir onde está a obra que quero ou para me avivar a memória do tal nome esquecido.
O melhor que as livrarias mais antigas tinham era a manutenção dos títulos por muito mais tempo, permitindo-nos encontrar um livro (as chamadas raridades) que não comprámos quando saiu mas que nunca ficou esquecido.
Claro que tenho pena de não ter tido uma livraria que sentisse como minha, daquelas pequenas, em que as pessoas que vendem os livros, amam-os e defendo-nos quase acima de todas as coisas (como a "107" das Caldas e tantas outras que teimam em existir por esse país fora...).
Não sei se existe um contra-senso em ser contra monopólios, não me sentir bem nas grandes superfícies comerciais e gostar do conceito da "Bertrand" e da FNAC", e claro, da sua organização.
Provavelmente há. Ninguém é perfeito.
O óleo é de Marina Marcolin.
Ui o que eu gostava de ir à Sá da Costa quando andava na Faculdade! E à 1111 perto da cidade universitária. E à Bertrand no Chiado...
ResponderEliminarHoje estive na Bertrand do Dolce Vita em Coimbra - grande e com "paletes" de livros ali à mão para serem lambidos com os olhos e com as mãos...
Teria trazido uma quantidade deles...
é isso mesmo, Graça, podem ser "lambidos com os olhos e as mãos". :)
ResponderEliminarNunca houve uma livraria em Santo André. Apenas as papelarias que vendiam material escolar e um ou outro livro geralmente daqueles que sabiam ser lidos pelos alunos de português. No Barreiro tinhamos a papelaria Universal que já tinha um pouco mais de livros mas ainda assim muito pouco. A coisa só mudou quando em Novembro de 2008 abriu o Forum Barreiro com uma loja da Bertrand.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo.
e isso aconteceu em muitos lugares, Elvira.
ResponderEliminarmas também aconteceu o contrário. em Almada fecharam duas com o aparecimento do "Almada Fórum".