Eu sabia que era quase verdade.
A televisão desde que se tornara "rainha do espectáculo", nunca mais voltou às ruas sóbrias e quase reais. Nem mesmo as produções das quase grandes reportagens, conseguiam disfarçar que se aproximavam mais do cinema de aventuras que da realidade.
Na mesa falava-se da liberdade, da possibilidade de se escolher, dos mais de cem canais do cabo.
O Carlos sorria de felicidade, pois deixara de ter televisão desde que a última (ainda um caixote, longe das coisas finas de agora) se finou. Não sente saudades. Prefere ouvir música (os seus velhos discos de vinil que voltaram a ser moda...) e ler, no seu cadeirão rente ao janelão com vista para a praça Gil Vicente.
O Rui abanou a cabeça e apoiou o lado maioritário da conversa. «é tudo ficção. Mal por mal, prefiro ver filmes a noticiários.»
E eu em silêncio, completamente "fora de jogo". Pensei cá para comigo, devo ser mesmo um viciado em notícias, pois a minha televisão passa mais tempo nos canais de cabo de notícias que nos clássicos da manhã, da tarde e da noite.
É caso para dizer: «maldito jornalismo que corres quase cá tu lá com o sangue, nas artérias e veias.»
O óleo é de Albert Gleizes.
bem, na realidade, aquilo que as televisões passam não é exactamente jornalismo.
ResponderEliminarpois não, infelizmente...
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